segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Deitado no quarto


Deitado no quarto de outro estado
Deitado na ânsia de um novo estado.
O sono se embaralha com o som do mar
E as suas fotos
Retratos
Imagens sem intervalo
Me deixam na esperança de conquistar o inalcançável.
Meu sonho se resume à uma noite distante de todos os mares, lares e pesares. Meu sonho se confunde em uma face sem teto, sem belo, sem uma chave para entrar. Meu sonho se entrega, exaspera, acelera, em um monte de imagens as quais não posso recuperar. Ah...
O vento esfriou, meu calor aumentou e sua falta equilibrava o lugar. Um espaço ao meu lado, bagunçado, em formas imperfeitas para namorar.
Meu sonho é sincero, singelo, um remédio, para a noite curar.
Meu sonho é um recado para o pobre destino que fica falido, cada vez que a felicidade eu encontrar.

Uma cadeira e mar de estrelas


A conversa com as estrelas começou sem hora para acabar. Apreciava como eram doces e intocáveis. Tamanha a injustiça cometida pelos infiéis ao defendê-las como definidoras de nosso destino. Tão pequenas e carregadas de falsas responsabilidades. Admirá-la era um ato de envelhecimento para os céticos. Para os certos, nada de muito relevante. Para os cegos, mais que um alerta ambulante. Para mim, nem cego, nem certo, nem palavras a mais ou adjetivos a menos. Só estrelas. Para que definir algo de expressão própria? Eram só estrelas sincronizadas em outras frequências, ascendendo em outros anos; sobrevivendo em outros planos. Peças de beleza incomparável, pedras de brilho raro, setas para um sonhador solitário. Como toda conversa intermediada, as nuvens interromperam a única ligação existente entre nós. Longe de ser iônica ou covalente. Apenas dois olhos, um coração nada valente e várias estrelas sorridentes. Quem sabe elas estejam a me desdenhar mesmo.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Vesgos


Uma batida diferente, talvez alternativa. Um gingado diferente, um sotaque fora da língua. Eram vesgos os seus olhos, lisos os seus cabelos. E um gingado capaz de balançar o Rio de Janeiro. Beleza suave, de expressões tão finas. Não para de me olhar; por favor, não vire a esquina. Você é a primeira paixão da noite; não me perca na saída; não se perca da minha vida; não se canse e mantenha o calor da batida.

O amor


O amor
Mais belo dos sentidos
Mais terno dos sentimentos
Mais crédulo dos alcançáveis
Parecia distante
Parecia ruim
Parecia 
             longe
                       de 
                           mim

Parecia sincero
Mas sua presença
Não soube reconhecer
Isso tudo era antes
De conhecer você.

Uma forte enrascada
Uma terra sem leis
Uma música sem grave
Uma língua sem inglês

O amor se bate
Rebate
Na trave
Outra vez

O amor se debate
Em troca de resgate
Pra ser feliz
Uma outra vez

O amor sem piedade
Sem saudade
O que me faz sofrer.

O amor sentinelo
De ciúmes
Donzelo.
Quem ama não se cansa de amar.
Quem não ama
Ama amar mais ainda o amor.
Esqueça a dor
Viva o amor.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Lua crescente


Aos meus olhos sua luz cintilava. As carícias eram desejadas e impossíveis de serem trocadas. Sua perfeição era indiscutível, frequentemente notada. E então, entregue ao sono, a grande lua se tornara uma bela lembrança nada passada.

Compartilhamento


Queria compartilhar a falsa alegria de me encontrar num recinto não tão desconhecido, com vista ao infinito.
Queria compartilhar o quão furioso aparenta o mar, escondido num horizonte escuro para ninguém lhe incomodar. Quem dirá eu que só estou aqui para vê-lo se manifestar.
Queria compartilhar esse presente para um futuro não tão distante e absurdo. Algo que nem a natureza e nem o destino são capazes de solucionar.
Queria compartilhar quão bela segue a natureza, por mais que a felicidade seja levada pela correnteza, sem tantos motivos para querer me encontrar.
Queria compartilhar palavras suas; palavras minhas; por horas inaudíveis sem que alguém possa se importar. 
Queria compartilhar a humilde tristeza, sublime nobreza, de reconhecer o céu de tamanha beleza e o reverenciar.
Não faltam palavras ou sons, testemunhos ou bebidas. Falta somente te encontrar em cada verso dessa esquina. Sem bagunça, pelo mar... seja a reta, seja a oblíqua. 
Queria não compartilhar outros versos de despedida.