sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Essência


Sem cheiro
Sem peso
Nada além da sua pura
Essência
Marcada em um sorriso
Deixada em um sinal
Sentida num perfume
Sem um instinto animal
Sem uma hora derradeira

A essência sem demora
Se despede
Se disfarça
Se demonstra
Se é ou não é
Sendo, não é o que é
Descombinando com ré

Resplandece em outrora
Bem visível aos olhos
Daqueles que parecem não ver
Daqueles que enxergam muito mais
Dos que podem enxergar

Eu
Sou seu
Sem ser meu
O seu
Hora meu
Não sou eu
Que deixei escapar
Onde tudo é
Onde nada parece ser
Deixando de ter

Sendo assim
Nada é
Onde tudo não for seu
Onde você não foi eu
Onde a essência se perdeu
E f*deu.

(não entendeu? nem eu.)

Café

Meu breve café
Solene e solitário companheiro
Não se importa com palavras
Não tem dissabor
Não se ofende com devassas
Não precisa de amor.
Embora seja o meu amor
Estranho amor.
Figurado, eu sou
Desfigurado
Fico sem você
Solene e solitário companheiro.

Falsas Promessas

Eu prometi não lembrar mais de você
Eu prometi não dedicar versos saudosos
Mas teu nome pela mente ecoa
E a vontade de te ter me povoa.

Eu prometi correr atrás do teu sorriso
Eu prometi não oferecer qualquer suspiro
As lembranças aqui gorjeiam, sem parar
E a sua vida segue sem sinais, se me lembrar...

Eu posso percorrer uma distância
De Salvador até Paris
Mas sou refém da minha memória
Em qualquer lugar
Você pode estar aqui, ali, em qualquer lugar
E o destino faz de tudo
Para outra vez me ver chorar...

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Memórias de um soteropolitano em Maceió

Alagoas
Saudosa Alagoas
Percorrida de sul à norte
De litoral à canavial.
Ao Norte do Litoral
Meu coração fez carnaval.
Encontrando mais um amor
Daqueles que nunca terei
Não outra vez
Não em Salvador.
Nos seus olhos, eu pude me encontrar
Por seu cabelo na Orla, eu naveguei
No seu corpo
Vi toda a naturalidade
De uma dama sem rei.
Meu sorriso sorria com o seu.
Seu sorriso, tímido sorriso, só ria
em um descapricho meu.
Seu sorriso então levei,
Com alguma habitável esperança
De um dia recuperá-lo.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Desde a sua partida

Desde a sua partida,
sem mera despedida,
um coração apaixonado ficou dividido
em troca da sua paixão.
Queria saber o que me faria merecedor dela,
pois com ela,
não precisaria de mais ninguém
de mais ninguém
sem mais alguém
sem um além.
São apenas cinco minutos ...
Parecia o fim do mundo
Sem luz para seguir.
Eu quero o seu amor
como a lua deseja o sol
como a isca encaixa no anzol
como gira o girassol.
Eu quero o seu amor
sem qualquer cerimônia
sem aroma de amônia.
Eu preciso do seu amor
como um jardim de uma flor
como a música de uma nota.
Eu quero o seu amor
em um beco sem saída
sem provocar uma ferida.
Ser o teu hoje
Ser o teu amanhã
Ser o seu sempre
Ser o seu tudo
O mais sincero amor.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Crime


Esqueci de todas as condutas
Resolvi fugir das faltas justiças
Sim, eu cometi um crime
E agora fujo desse ato sem perdão.
Não precisei de armas
Sequer roubei chaves para o ato
Tudo construído sem vestígios.
Não existem mais suspeitos
Não existem espaços para os erros.
Foi um crime silencioso
Nem tanto imediato
Meu crime
Foi roubar teu coração
Sem deixar nenhum abraço.

domingo, 19 de janeiro de 2014

É preciso


Um mar de sorrisos no final da tarde.
Uma mão para carregar a minha.
Um passo disposto a uma longa caminhada.
Um olhar sincero no encerrar da jornada.
É preciso.

A chegada de sentimentos turistas.
A constante anedota em sua companhia.
O tempo voando como numa fotografia.
O entardecer às nossas vistas.
Eu preciso.

Talvez eu precise de tudo.
Talvez eu não precise de nada.
Talvez só precise do que ainda não
foi visto
foi sentido
foi compartilhado.
Eu só preciso de você.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Me namora?

Loira
Dourada
Cheia de luz
Encantada
De olho fugas
Olhando para trás
Te faço um pedido
Me namora?
Rosto sem véu
Rosto do céu
Cabelos cacheados
Em uma poesia
Subestimados
Sou apenas um turista
Com hora marcada
Para a chegada
Para a saída
Não tenho muito a te oferecer
Se não médias palavras
Alimentando uma utopia
Sem derrota
Sem anedota
Por isso te faço esse pedido
Sem provas
Sem riscos
Me namora?

PS: Coisas que você encontra em Alagoas. Idealização atingindo níveis estaduais -q

A Maior Idealização

Caminhava ao seu encontro sem saber. Os cabelos loiros eram os mesmos de outros tempos. Os olhos reduzidos transmitiam a mesma perícia. Sim, estava me encontrando com o amor em pessoa. Não o amor dos outros, ou para os outros. Era feita para mim e não imaginava qualquer outra versão disso.
Nossos olhos se encaixaram em um movimento oblíquo fora do ideal. Ao redor, tudo parecia pa-ra-do. Aquele olhar congelava todo o tempo. Só você importava. Uma perfeita harmonia, um catálogo de sinfonias. A maior inspiração, a mais valiosa poesia. Eu não poderia te perder novamente. Minha felicidade tinha um custo... Esse custo é você. Não posso perdê-la novamente. Não para a vida toda.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Subindo o monte

Uma saga
Sem pausa
Um amor
Bem distante

Sinto que estou perto de você. Posso vê-la andar despreocupada. Posso ouvi-la numa comunhão de sons e vozes. Estamos no mesmo lugar, a metros de distância e não podemos compartilhar o mesmo olhar, o mesmo toque, o mútuo sentimento. Ainda não estamos prontos para esse encontro. Enquanto isso, sigo subindo o monte.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Porta-retrato


As fotos ficaram mais pesadas
E os porta-retratos sentiram o peso
Abaixadas as marcas
De um passado sem volta
De momentos registrados
Nas próprias memórias.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Raio de luz


Acorda
Acorda pra vida!
Ela dizia...
Então
um
    raio
          de
              luz
Penetrou em sua mente
Clareando seus sentimentos mais perversos
Para uma manhã de vento frio.
Acordar para a vida
Esse era o problema
De quando sua vida nada lhe agradava
E só podia vegetar.
Acordar para uma vida
Completa de desilusões
Lotada de lamentações
Depois de uma noite de insônia
E assim veio
o
  raio
        de
            luz
Iluminar seus pensamentos
Compartilhar os seus tormentos.
Queria mais dessa luz
Mas não podia tocá-la
Só poderia permitir
Que o mesmo
raio
      de
          luz
Permanecesse em definitivo
Fizesse seu coração de abrigo
E iluminá-lo eternamente.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Muriçoca

Uma incessante vontade lhe motivava
O puro sangue de um jovem de bigorna.
Suas marcas e calombos
Insistiam em deixar.
Sua falta de abrigo
Lhe fazia continuar.
Tirava-me o sono
Tirava-me a audição.
Seria um bicho solitário
Necessitando de atenção?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Indisposição


Sua mãe notara a crescente indisposição. Mal saberia que as noites solitárias ficaram mais longas e doloridas. Mal saberia que a solidão lhe assolava como um filme já visto. Mal saberia que acordar se tornara ainda mais difícil, pois as chances de qualquer recomeço eram aniquiladas pelo contraditório destino. Mal saberia que o principal problema sempre esteve consigo e nunca soube lidar. Sua observação era preciosa, claramente ela iria perguntar. Como perfeito anfitrião da infelicidade, restou então lhe negar.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Ensaio

Os olhos fechados 
mergulham na escuridão
Suas mãos percorrem o colchão
E seus sentidos buscam uma nova dimensão.


Era um ensaio
fora do horário
para um sonho
nunca realizado
do teu corpo
ao lado do meu.
Num silêncio
inocente
Num silêncio
amador

Era um ensaio
Companhia notável
Beijo sem técnica
Uma mão desprovida
de controle
de direção
Uma mão provocada
de curiosidade
de mocidade
Permita-me percorrer

Era um ensaio
de um amor
nada pornográfico
nada admirável
Uma reunião
outrora manifestada
outrora adiada
outrora temida

Era um ensaio
da noite
sem perdão
da noite
para um só coração
diante da escuridão.

Um passeio entre os cabelos
foram os teimosos dedos.
Um instinto raro
desejando essa noite sem fim.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Longas noites

As frustrações:
Não cansam de incomodar
Parecem retornar
Padecem pelo altar.

As estações:
Ficaram mais frias
Diante da guerra fria
Que o homem se sujeitou a encarar.

As suas feições:
Ainda mais ruídas
Ainda mais escondidas
Em noite escura
Em frente ao celular.

As suas paixões:
Tão longe continuaram
Sem esforço
Sem horário
Estariam mais distantes.

E sobre mim:
Restou elaborar
Uma poesia fria
De palavras cruas
Sobre as minhas
De palavras nuas
Dançando sobre a rua
E um suspiro a lamentar.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Onde há poesia


Onde há poesia
Há um simples detalhe a ser notado,
Pela mente, mirabolante, elaborado,
Esperando um momento a ser observado.

Onde há poesia
Há um sorriso sincero proclamado;
Onde os sentidos são desafiados;
Lugar que o poeta é sempre convidado.

Onde há poesia
Tem sempre um alguém
Tem sempre um além
Escondidos nas entrelinhas.

Onde há poesia
sentimento
Pode ser dor
Pode ser lamento
Pode ser cura
Pode ser reflexão
Pode ser qualquer ferida
Que enobreça a mão.

Onde há poesia, há alegria.
Tem um amor no-sense;
Tem um pedaço da gente.
Tem uma palavra não ouvida,
Uma estrofe que ninguém entende.

Mensagem


Tudo começa com a escola
Da palavra certa
Do verso que não rima
Com o inverso
Repleto de coisas
Não codificadas
Embaladas
Por uma música
Que toca nas entrelinhas
Sublimes
Sem escancarar
Toda uma verdade
Sem piedade
De um homem sem coragem
Verdade.
Seria homem?
Seria compaixão?
A mensagem seria enviada
Sem um verso de refrão.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Estrela Cadente


Estrela cadente, estrela radiante
Atenda o meu pedido!
Afasta de mim
Essa solidão
Afasta de mim
Esse mundo perdido
Afasta de mim
Toda essa tristeza
Sem nome
Sem razão
Sem emoção.
Me faça feliz
Espero ser atendido.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Insônia


As madrugadas tornaram-se grandes amigas
A companhia do lençol a mais adequada
Passara um ano e meio
E as recordações lhe tiravam o sono.
Meio coração
Dividido
Compartido
Um orgulho ferido
Um tango no escuro
Sotaque francês
Na palma de sua mão
Sem pudor
Com leve intimidade
Parecia utópico
Não parecia mais nada
As lágrimas voltavam
Uma fiel companhia
Os olhos partidos de sono
Uma voz que no silêncio gemia
Perdera mais que o sono
Perdera um amor impossível
Perdera uma noite de lua
Perdera para a vida
Por mais um dia.

Just make me happy


Não te peço as melhores virtudes
Não te julgo pelos seus defeitos
Não te desejo por palavras suas
Me interessa sentir o teu beijo.
Não quero nada demais
Não almejo um sonho perfeito
Espero um abraço de peito
Espero uma carícia de amor
Por isso só peço
Just make me happy
E o resto pedimos ao tempo.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Paixão de poucos segundos


Acomodado estava
Geladas as mãos
Um gesto de estima de antemão
Meus olhos encontraram os seus

Em uma noite de chuva
Numa noite de verão
Onde as luzes
Brilhavam na escuridão

De pé estava
Assim continuara
Sentado fiquei
Seu reflexo analisei
Gelado continuei

Meus olhos cansados
Procuravam uma vida
Seus olhos lúcidos
Esbanjavam uma saída
E pude encontrar seus olhos
Seus lindos olhos

Em uma noite de chuva
Numa noite de verão
Onde as luzes
Brilhavam na escuridão

Alguns segundos passaram
Alguns segundos apaixonados
E por um mútuo medo
Ou por puro desejo

Os seus olhos pendularam
Enquanto os meus dançavam
Ao som de uma falsa canção
No espectro dançavam seus olhos
Em busca de uma simples paixão

Em uma noite de chuva
Numa noite de verão
Onde as luzes
Brilhavam na escuridão

Mas não há paixão
Numa noite de verão
Os olhos tentavam se encontrar
A fuga da luz os impediram

Uma paixão se dissipara no ar
Era o tom de despedida
E então... partira

Em uma noite sem chuva
Numa noite sem estação
Onde as luzes brilhavam
Para uma nova direção.

Fantasmas

Pedi a todos os santos, anjos
Que não fostes para longe de mim.
Palavras sempre tenho a dizer
Os ouvidos estão indispostos a ouvir.

E ainda acredito nessa falsa ilusão
De um clima bom ao final
De um crime com perdão.

Então peço aos céus
Para que todos os fantasmas
Sejam dispersados contra o vento.

Não estou à espera da sua resposta
Pois a minha resposta
Será dada contra o tempo.

Não me importa acompanhar a tua sombra
Não te seguirei por essa noite
Não te encontrarei em meus sonhos.

Os fantasmas perseguirão os caminhos
Mas dessa vez
Não passarão de meros
Fantasmas.

Passas

E o tempo passa
Passa como passas num pão
Passa o pão
Sem passas
E o tempo passou
O pão também
Sem passas
Sem passar

Ópio

O ócio apodrece cada parte rígida do corpo.
No silêncio, meu corpo se consome
Havia perdido os sintomas da humanidade
Tornara-se adepto da bipolaridade
Inconstância
Instância
Sustância
Sono
Sino
Som
Soou
Infância
Instância
Importância
Vivo ainda estará
Vivo ali ficara
A linha tênue lhe incomodara
Mais do que o silêncio hospitalar
O ócio lhe trouxera ao ópio
Apodrecendo cada parte rígida do corpo
Sem data de validade
Raro sinal de vitalidade
A respiração apertara
Apertados os pulmões
Corações
Pulmões
Orações
Fim.