domingo, 29 de dezembro de 2013

Futuro passado

Eu não sei do meu futuro
Não sei o que aguardo
Talvez de tanta espera
Do futuro já cansei

Arte pura, arte pobre


não é um romance 
parisiense
nem um thriller 
novaiorquino
longe de ser uma rica prosa 
lusa
sequer dos sons frios de uma dança 
argentina
tão fácil 
quanto o alfabeto
tão certo 
quanto o verso direto
sem complicações do coreano
versátil como o fim de ano
não é loucura
não são compilações
só um embate 
contra mim
contra você
contra aquilo tudo
que me faz torcer
o pleno juízo
pura arte
a minha arte
pobre arte
desastre
nasce de novo
e aprendes a escrever.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Renata


Silêncio.
Milhares de ladrilhos na cor do gelo espionavam um desesperado escritor repleto de pensamentos impalpáveis. Sim, ela havia provocado de uma maneira imprópria, despertando palavras inabitáveis, até então. Sem mais prestígios diante de suas palavras frias.
Ranger de porta.
Teria que lutar contra minha própria vontade para observar quem adentrara na biblioteca de maneira ríspida. Sim, seria ela novamente, embora quisesse ignorar sua notável existência naquele recinto. Uma palavra de cumprimento e estava entregue.
Arrasto de cadeira.
Estávamos frente a frente, pela primeira vez, numa rara lembrança, e hesitei ao vê-la novamente. Era diferente de todas as pessoas que tinha visto ou conhecido. Isso lhe agradara [Talvez carecesse de uns agrados].
Aquela acolhedora biblioteca passaria a não existir com sua impactante presença. Uma agradável conversa e estaria encantado com o jeito nada convencional de convencer. Não pensou sobre o destino, nesta vez. Esse momento seria lembrado e repercutido ao longo dos anos. O que importa é o agora. O agora era ela.
Toque do sinal.
Suas palavras sincronizadas foram interrompidas com o abusivo sinal. Intervalo. Não do tempo ou da situação. Era uma pausa para refletirem sobre o que aconteceria depois. Uma certeza tivera... Essa pessoa iria te acompanhar até o fim dos seus dias.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Por Ana Moura


Você não quis mesmo deixar explícita a situação... Você desistiu. Tudo bem, eu também desistiria. Mas naquele dia, onde as mãos não se encontraram, eu também me perdia. Se não fosse por sua negação, eu não desistiria igualmente. Chegamos, então, ao momento de deixar tudo no ar. Nossos beijos viraram bolhas e o encontro das mãos, sementes de dente-de-leão. Voltamos ao pó, e deste voamos de volta à praia. Ainda lá, eu esperava te encontrar. Nem que você fosse uma pequena partícula a quilômetros de mim. Mas eu sei que no fundo somos assim, matéria retornando à sua matéria de origem. Nossos átomos e moléculas constituintes são os mesmos. Confundo-me com você. Acho-me e me perco.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Desdém


É desconhecido o seu interesse ao meu desejo de te fazer feliz. Por hora simpatizante, outrora tão relutante. Pôs tanto mistério assim. É de trato meu roubar um beijo teu e uma fortaleza desmoronar, sem um gesto seu. É desespero meu, na luta por noites não mais solitárias; por chuvas acompanhadas; por um sorriso compartilhado em uma poça de seriedade. Vai além de um gesto, concreto, sem ser tão belo assim. 
É só um amor que espero não ter um triste fim.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Se a vida fosse um sonho...

Se a vida fosse um sonho, ela seria uma fábrica de desejos realizados.
Se a vida fosse um sonho, ela seria simples assim...
Seria um mar de idealizações sem fim.
Seria um rosto sem face, cheio de esplendor.
Seria uma mensagem subliminar sem código decifrável àquele que não crê.
Sem um começo adequado.
Com um final inacreditável.
A vida não é um sonho.
Um sonho pode ser sua vida.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Sentido contrário

Passo à esquerda
Direção à direita
Não importa onde irei
Tudo se reverte
Tudo se indispõe
Tudo contradiz
Esgotei

Chamado

Uma semana de provações
Um período de frustrações.
Tudo encaminhando para o outro lado
Até receber o seu chamado.
Um chamado de renúncias,
Um chamado de serviço.
Um chamado autoritário,
Um chamado visionário.
Queria ir ao teu alcance,
mas o medo me impede.
Então estendo meus braços
E peço que se faça presente
Para uma vida de felicidade.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Labirinto


Devo estar me perdendo. Depois de várias voltas no mesmo caminho, foi perceptível a falta de lucidez para reconhecer que não sabia o que estava fazendo. Entrei em um labirinto criado por mim mesmo, e não achei a solução para tal.
Não enfrento monstros, sonhos, ou coisas quaisquer.
É uma luta contra o próprio intelecto, sombrio, solitário.
Uma guerra civil onde o medo sucumbiu.
Quem dera drama fosse, com previsão de final.
Quem dera o céu fosse, com um espectro astral.
A insônia deu lugar ao sono.
E o labirinto pausado quase ameaçou.

Sopros de uma primavera


A forte luz matinal atrapalhava sua visão, porém alertava. Era hora de acordar. Acordar não somente para afastar suas frustrações. Acordar para a vida. Acordar para aquilo que não deveria fugir. Um chamado para novas coisas serem realizadas. Correr atrás de coisas ainda não conquistadas. Hora de não se esconder mais sobre os lençóis e erguer o corpo para continuar...
Abafando um mar de desilusões, atentando vários sopros de bocejos, tentando levar consigo um terreno de gracejos.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Última esperança

O passar do vento deu tempo de um tento concretizar. Essa é a última esperança de uma idealização inerte. Um último sopro de esperança a partir diante da primeira realização.

O que procura

E se eu fosse o que você procura?
Não precisa de muito esforço para responder. Você permite? Diminuir a amplitude, reduzir a latitude, te encontrar na próxima longitude. Posso ser o mais imperfeito dos caras tentando oferecer o mais perfeito dos amores. Não é tão difícil. Estamos no escuro de olhos entreabertos.
E se eu fosse o que você procura?

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Então era isso...

Então era isso... Um vazio não permitia que ela fosse além do esperado. Dias que começavam e terminavam sem pretensão, meses que passavam em números assim como as horas repetidas sem influência: rotina, rotina, rotina e rotina.
Era irônico como essa melancolia companheira - que tanto reclamava - a confortava, afinal jamais tivera coragem para enfrentar os seus medos e viver num novo mundo. 
Tudo igual e isso agradava.
Eu e mais ninguém.
Ela via seus amigos se derreterem por uma coisa sublime, ilusória e magnífica, chamada de amor. Isso a fazia rir. Como o tal amor poderia acabar com todos eles sem aviso prévio? Como a procura de todas as nações, em todas as línguas, religiões, ideologias e tipos de pessoas, poderia destruir tanto a alma? Não, isso que via não era amor. Fosse o que fosse, ela sentia dentro de si uma vontade agonizante que essa coisa lhe tomasse o coração, a mente, a vida! Assim teria pelo que lutar e quem lutar, pelo que e quem acreditar, mas principalmente em que e quem sentir alguma coisa.
Quando pensava nisso começa a olhar o próprio reflexo. "Eu devo ter algum defeito." Dizia repetidas vezes como se fosse a solução de uma pergunta sem resposta. Um defeito. O que havia de errado com ela? Não aprendera a admirar pessoas? Pelo menos sem sexo não nascera, disso tinha certeza... Não é?Não passara por nenhum trauma, não sentia-se emocionalmente bloqueada, não acreditava que a coisa fosse uma invenção do capitalismo para vender mais e não imaginava que teria dificuldade para dizer "Eu te amo". Que não fosse para o seu gato, é bom dizer... O que acontecia é que não havia lhe acontecido. E pela falta da falta, não fazia falta simplesmente. Entretanto, de acordo com as leis naturais do universo, o sentido regente do mundo, o que se empurra goela abaixo é dito: a coisa, o amor, muda tudo. Então era isso... Lhe era obrigado a insistência disso.

- Tai Paes

Dualismo

Bem, mal.
Você me faz bem.
Faz bem mal.
Faz algum bem.
Sem saber o que é o bem.
Mal sei o bem.
Bem sei o mal.
Você mal me faz bem.
Você faz um bem mal.
Mal é não ter bem.
Bem é não deixa-la ao mal.

domingo, 8 de setembro de 2013

Em seus braços

A viagem era questão de tempo
Para encontrar algo que me faltava
Algo que te completava
Era uma corrida contra o vento.

Faltavam abraços, carícias
Sem pressa, sem malícias
E a saudade de ser seu
Sem negar um sentimento meu.

A espera é inevitável
A agonia é superável
A ânsia é maleável
Falta pouco
Para estar em seus braços.

Queda

Se aproxime
Sem medo
Se jogue
Em meus braços
Com amor
Por amor
Está frio
Se aconchegue
Beije me
Nem o silêncio
Parece se importar
É só uma queda
Queda de amor

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Entrelinhas

Talvez eu te devo desculpas pelo jeito atrapalhado de ser. Não é culpa sua, tampouco minha. O destino tem uma causa para a situação causar. Não é o humor ferido, um olhar sofrido, um tropeço na planície. É uma fúria sua, uma fúria minha, que impacta esse olhar. Esse encarar.
Só que agora, somente agora...
Tenho uma razão concreta para falar.
Tenha uma atração direta para escutar.
Hora de transformar.
Quem sabe essa expressão carregada dê lugar para um sorriso encontrar.
Quem sabe assim, o meu sorriso não irei negar.

Retrato

Passos largos em meio a um chão sujo, imundo, mais um no mundo, com a terra a sujar.
Não é pressa, expressa, em meio ao andar que só pensa em acelerar.
É uma insatisfação. Um leão pela mão. Uma raiva controlada que enoja o olhar.
Seria um sonho distante? Um paraíso ilusório? O que custa sonhar?
Era apenas um retrato, pequeno pedaço do meu caminhar.
E que mal causará?

domingo, 16 de junho de 2013

As folhas resolveram lamentar o feito anunciado; o outono chegara inevitavelmente. A volta a sua casa tornava-se mais aguardada desde então.
Teriam ainda três estações a enfrentar.
Até sua chegada, previa um congestionamento de ideias.
Suavemente.
Contente estaria então, na sua metafórica fortaleza. O cansaço viria a qualquer hora. O sentimento de abandono lhe bateria a porta. Esse era o futuro querido?
Porém não desistiria daquele “indesistível”, o qual lhe fez perder a rota, roda, rota.
O tempo lhe parecera eterno, incerto, incrédulo.
O mundo um lugar indicado ao fracasso, cansaço.
O amor, esse sim, não fazia questão de desistir.
O amor que tudo cura tudo sara...
Meio fora de linha
Meio fora de hora
Meio fora de rota

Em algum outro coração, ele encontrara.

sábado, 15 de junho de 2013

Luna

Tamanhos versos de inverno,
encontram-se chorosos como a chuva.
Tamanhos descontentamentos,
vieram sem seus alentos.
Não há um sinal de luna.
A fumaça fez questão de consumi-la.
Não há um sinal de pluma,
ou sequer da presença sua.
Escondera-se na lua?

A tal poesia

Devagar e sublime,
Macia e comportada.
A tal poesia parecia adequada,
numa dimensão sem limites.
As palavras proclamadas
Me traziam afora da realidade.
As metáforas incompreensíveis
O romance sem romantismo
Uma sociedade sem humanismo
Um sorriso impossível
Um mundo que não pode ser traduzido.
Simples e humilde,
Calma e aplicada.
A tal poesia parecia invocada,
numa prosa sem rimas, liras, e delongas.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A bordo

Terceiro assento,
quarta fileira,
quinta chamada.
Era deduzida a nova vida,
as expectativas se precipitaram.
Último passageiro,
segundo assento,
primeiro contato.

Onda

Diante de um mar agitado,
uma onda ali passou.
Carregada de tensões,
envolvendo mil corações.
O meu não se fizera presente.
Aguardava o seu,
para entrar na próxima onda.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Textículo

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios.

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador.

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doloridos

Sorri vai mentindo a sua dor.
E ao notar que tu sorris,
Todo mundo irá supor
Que és feliz.

Charles Chaplin

terça-feira, 14 de maio de 2013

Relaxe

Não foi uma, duas ou três vezes que te ouvi. Porém dessa vez, terás respostas para suas palavras desesperadas.
A presença era constante e só você não pôde ver.
O medo e a precaução foram maiores do que poderia prever.
A busca continua, embora não possa entender.
E quando sua esperança for nula, a chegada será questão de tempo.
O tempo que te trai, o tempo que te zomba.
O tempo que te estressa, o tempo que te cansa.
O tempo que nos afastou, e não mais andou.
O tempo que nos discordou, e nunca mais voltou.
A saga é enlouquecedora, as atitudes não te corresponderão. O mundo estará sobre seus fios de cabelo, as mãos enrijecerão.
E se o fim parecer próximo, segure a minha mão.
Não há tempo que poderá nos soltar dessa vez.

Extermínio

O tempo não foi suficiente para secar todas as feridas, tampouco capaz de permitir-me o teu esquecimento.
O tempo sequer apagou as lembranças e memórias tuas.
O tempo não me garantiu sua volta, todavia sua volta sempre volta sem tempo. Sem preparação, sem ressentimento.
Um sentimento vazio se apoderou e não tive outra saída, a não ser chamar seu nome.
Não só uma, duas ou três vezes.
Um simples nome, variado ao palavrão; o meu palavrão, cujo somente pode ser pronunciado à própria mente. Inaudível aos vossos ouvidos; invisível aos vossos olhos.
Até parece ser puro egoísmo te manter 'vivo'.
Entretanto, assim como veio para o bem, viestes para o mal.
Mal o qual só eu posso exterminar.
Não adianta negar às nuvens telespectadoras.
Não adiante pregar peças para escapar.
Só espero o dia que essa tortura irá acabar.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Autumn


Bravo sufoco na garganta,

sentido pela criança,
que não se intimidou.
Queria uma sinfonia,
e essa vos foi dada,
diante de tossidos e gemidos,
causador pela dor.
Afinal, o outono chegou.

The One

O outono chegou,
frio avizinhou.
Tirei a sorte grande,
ao ter sua presença.
Seu sorriso espelhado
Aumenta a alegria de ter-te ao lado.
Me fazendo notar
Algo nunca notado
A permissão para a felicidade
Foi mais que concedida
Não havia razões
Para preocupações
Evitando sermões e arranhões.
A vida dispôs-se a ir mais além;
Por ser the one,
não te troco mais nela,
nem por ninguém.

terça-feira, 30 de abril de 2013

O aspirante

Cabelo secou,
barba aparou,
sorriso soltou,
sua mãe palpitou.

As mudanças chegaram,
Ainda não havia se tocado.
Largara a vida de gado,
preparava-se para ser soldado.

Porta de casa abriu,
o aspirante saiu.
A garoa sumiu,
falta dela sentiu.

Se apresentou ao tenente,
sem palavras na mente.
Se quem cala consente,
ele sorriu, contente.

Tomou o seu caminho,
tivera de vir sozinho.
Ouviu o burburinho,
Deixara de ser homenzinho.

Satisfação

Em meu caminho estava,
esperando o céu cair sobre meus pés.
Representada por ele,
revolveu aparecer.
Um olhar apurando informações,
acabaram limitando as ações.
Longe da minha mente não ficou, desde então...
Logo eu, tão acostumado com essa invasão?
Quando poderia te ver outra vez?
Nos perdemos pelo dia,
sem palavras ditas.
Dançar na próxima vez?
Uma conversa fiada, sem agonia?
Apenas ver sua face satisfaria.

Voltas e voltas

Vivendo do mesmo jeito
Sem um endereço confiável
Sem conseguir escapar
Das armadilhas por mim criadas.
Nosso pensamento resolveu discordar,
Porém acabamos com o mesmo apreço.
Voltas e voltas foram dadas,
E o centro pareceu nosso amor.
Circulando pela hora errada
Nada então restou.
Para que serve a vida então?
Cercada de aflição e ficção?
Resolvi questionar os anciões
Mas eles resolveram não se importar.
Com a resposta de que:
"A vista é isto"
E o resto, ela te mostrará...
Queria não correr contra o tempo,
Segurar a cabeça.
O sol já se põe,
e por hoje, só me restou falhar.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Tempo

Um tempo de espera,
ao redor da esfera a girar.
Parece lenta essa Terra,
nunca esteve a esperar.

Tão agonizante consegue ser,
capaz de coisas que não posso ver.
Eis o tempo, precioso tempo,
sendo julgado por palavras sem talento.

Tempo passado, que existe sem existir.
Tempo presente, o mais temerário,
que sem recesso, só pode ser temporário.
Tempo solúvel, em diferentes solventes.
Tempo bandido, sem alguns presentes.

Sem mais aproveitamento,
resta-me um triste alento.
Escreve sobre o indescritível...
Tempo.

terça-feira, 12 de março de 2013

Fuga

Na maior luta
Contra meu pior inimigo
O resultado não foi outro
Além da prevista derrota.

Foi tudo em vão.
Lutar contra as lembranças
Causarão eternos machucados.
E só me restou a fuga.

Fugir de mim,
Fugir das entrelinhas.
Fugir do mundo idealizado,
Fugir da minha idealização.

Eu e você, não mais
Não mais na mesma frase
Não mais no mesmo contexto
Se não o de fim.
Sinal de eterna fuga.

sábado, 9 de março de 2013

Único e solitário

Diversas foram as palavras ouvidas,
Imersos estão os sentimentos sentidos.
Tudo em torno de especulações,
Ultrapassando o limite de razões e emoções.

Não quero mais conselhos,
Abordando seus desejos.
Não suporto mais cobranças,
Abortando novas lembranças.

Meu sorriso perdeu cor,
O perfume sem frescor.
A personalidade ficou vazia,
E a alma me deixou sozinha(o).

quinta-feira, 7 de março de 2013

Abraço

Momentos que só a solidão de uma noite nos fazem repensar. Coisas de uma carência infinita, infeliz a ponto de não poder te abraçar. Ah, abraço teu, irmão do meu, de imensas descrições para relatar.
A noite potencializa a falta desse teu aconchego, com os pensamentos tristes a acompanhar. Não é um abraço, mas o abraço. Aquele capaz de exprimir o inexprimível. Capaz de me fazer chorar, sem ao menos ter lágrimas. Capaz de me levantar, sem mesmo uma palavra de ajuda ser dita.
O abraço solícito, íntimo, pedido com um olhar. O abraço perdido, hora leve, hora comprido, requisitando à prosa para tentar explicar. Oh, insólita angústia me faz sentir, aquele abraço de amigo que perdi por aí...
Puro fruto de uma saudade sem fim. 

Implicância

Hoje as palavras não traduzem os sentimentos.
Tampouco os sentimentos conseguem ser exprimidos
Em palavras entregues aos simples versos.
Como tudo se tornou tão patético?
A consciência deu lugar à ira,
E só o tempo irá relatar as consequências.
Diante dessa mente insana, nada parece importar.
Uma hora tudo cansa, e não há mais pra relatar.
Cansaço.
Cansado de mim, de tu, de vós, todos.
De nada que parece ir, nem voltar.
Das memórias ruins que insistem em retornar.
De tudo o que é passado, acontecido,
para não mais ser futuro.
Então me pego só, nessa velha cadeira,
aconchegadora em outrora,
disposta a não resistir, semelhante ao seu dono.
Passada a hora de deixar o aposento,
aceitar a falta de talento,
e silenciar as frases dispostas a sair.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Metalinguagem

Palavras leves,
Trechos breves.
Versos curtos,
Estrofes de truco.

Palavras em pé,
Trechos deitados.
Versos com fé,
Estrofes sem ditados.

Palavras ao réu,
Trechos ao primário.
Versos ao céu,
Estrofes ao cansado.

Palavras novas,
Trechos inéditos.
Versos nus,
Estrofes sem verbos.

Palavras ousadas,
Trechos tímidos.
Versos alcançados,
Estrofes sem sentidos.

Uma palavra tua,
Para o verso de uma linha.
Estrofes tão sujas,
Poesia minha.

Beira da calçada

O mar se agitou,
O barco ali parou.
O pescador se preparou,
A rede ele lançou.

A turista acompanhava
Na beira da calçada.
Eram apenas seis da manhã,
E acatava o seu gesto cotidiano.

Estava despreocupada,
Tempo não lhe faltava.
Todavia desapontada,
Dessa vida que lhe cansava.

Mesmo sem encontro marcado,
Seu acompanhante havia chegado.
Era um pássaro nunca encontrado,
Que nesse instante tinha alegrado.

O encontro não foi longo,
Puramente amistoso.
Uma hora partiria,
Levando a tristeza que houvera.

Deixou uma pena,
Na sua exótica cor,
Em seu nulo odor,
Fazendo-a plena,
À beira da calçada.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Cada

Cada piscar de olhos
Sua imagem vem à cabeça.
Maldito desejo de insistir em você,
sem saber suas intenções...
Cada palavra é um esforço
E um sopro
Na espera de que seja entendida
No seu real sentido.
Cada expressão é um flerte, 
Leve. Um pequeno estímulo
Na tentativa de te conquistar
E roubar um beijo teu.
Sonho meu?

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sem fim

Essa não é a primeira,
Nem a última história escrita
Até encontrar uma sobrevida
Em algum outro ponto.
O que me faz correr atrás
Dessa história sem fim?
Loucura minha, ainda dedicar-te versos meus
Sem contar com sua presença.
Paciência dura até o limite chegar,
E não há outra escapatória.
Se não houve um final,
decreto encerrado esse caso,
com minhas próprias mãos
e sã consciência.

Fevereiro

Doce situação, 
embora acontecida sem concepção,
idolatrada sem razão,
concebida por decisão.
Quem disse ser paixão?
Pois saiba,
acaba de ser evitada mais uma ilusão.
Nem precisou ser criada,
a ponto de ser finalizada.
But, ok... I'm fine.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Mãos cansadas

Palavras foram lançadas,
mas sem alguém para ouvi-las.
O poeta seguia angustiado,
diante das faces cegas,
o impedindo de ser notado.
Por que somente ele era capaz de enxergar?
Pensava ao observar o céu se fechar.
Então uma criança sentou do seu lado,
disposta a lhe escutar.
As palavras soavam desperançosas,
não menos sinceras,
até sua poesia acabar.
O menino pareceu encantado,
viajando a uma dimensão diferente,
existente em sua própria mente.
Para a grata surpresa dos dois,
uma luz embaraçou a vista,
e posteriormente,
o jovem a sua frente começou a te fitar.
Enfim, o homem percebeu
Que alguém ele era capaz de mudar.

Montanha Russa

Feliz                                                                                 ferrou.
  simples                                                                        paixão
      contente                                                              surpresas
          nem tanto                                                      fé
              cansado                                              esperança
                   entediado                                    futuro
                       já foi...                              ou não?
                                 melhor do que antes

Almofadas

Em um canto encostada,
quando não jogada.
Pobre almofada,
receptora de ações.
Num ato de stress,
chutando como  bola.
Servindo de consolo,
num mar de emoções.
Pobre almofada,
em um canto encostada,
quando não jogada.
Arma de guerra,
evitando gritos.
Acumulando baba,
um abraço no frio.
Tamanha utilidade,
pouco reparada...
Pobre almofada,
em um canto encostada,
quando não jogada,
sem dar um pio.

Selvagem

Já chegou a madrugada
E não houve tempo
Para a gente se amar.
Anda, adianta, levanta.
O silêncio é o  ideal,
a situação mais casual,
o tesão bem animal.
Sem delongas e o corpo denuncia
O ato premeditado, doentio.
Anda, me ama, agora, na cama.
Hora dentro, hora fora,
Oh, paixão que te devora.
Te aperto, você adora
Enquanto diz: "Não pare agora".
A chegar nossa hora
Palavras ficaram em outrora,
exceto um gemido mútuo de prazer.
Por fim, amora de aroma e o desejo,
de começar tudo outra vez.

Sem saco

O mundo resolveu pressionar.
As pessoas te sufocaram
E o que faltou foi ar.
Sigo o relógio e as horas passam...

Carinhos e boas palavras servidas,
Lidas por dó e sequer sentidas.
Nenhuma novidade parece hesitar,
Tudo continua como está.

Quem dera amanhã estar em outro lugar,
Todavia restam as luzes do quarto a apagar.
Uma nova música dita o ritmo
Sem um dançarino para tal.

Eu me sinto o mesmo,
Nem adianta a luta contra o tempo.
Preciso de uma nova aventura,
Ao acabar essa noite.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Nas nuvens

Nuvens tuas, sonhos meus.
A liberdade flui ao passar,
o que me faz pensar,
por que tantos sonhos?
Por que tantas ilusões?
Enganado estava eu,
pensava estar controverso...
No mais, disperso fiquei.
Ora, não era tão claro quanto imaginei.
É o que me move, o que me motiva.
Sonhar, nada além de sonhar,
uma ambição alcançável,
um vício incontrolável.
Sonhar é estar nas nuvens,
ou ser como elas...
Indo sem direção,
guiada pelo vento,
numa falsa noção de que irá continuar.
Mas é só vir a chuva,
e vê-la as dissipar.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Tempestade

As nuvens antecipam
E tempestade está por vir.
Apenas uma prévia dessa obra inconstante...
Permanecer na janela não é mais possível,
Exata a hora de recolhimento.
Os pássaros não cantam,
os sons não ecoam...
Tudo parece tão sem vida.
Em contraponto,
os sinais de vida são outros.
A chuva traz um outro pesar,
O passado parece não mais importar.
Chegada a hora,
O jeito é entregar-me ao momento.
Passada a lição,
tons mais calmos
E a luz celeste voltando a reinar.

Teus olhos

Um só sorriso já encanta
Porém foram teus olhos
Capazes de despertar.

Como é possível
Reunir tantas expressões
Encontradas num olhar?

Ora, privilégio o meu
Vê-los me acompanhar
Diante da longa espera
Para apreciar o mar.

Não só de cores,
Olhos são capazes de persuadir.
Os teus provaram o contrário
Sem ao menos se esforçar.

Pois, belas maravilhas já apreciei,
Diversos lugares passei...
Mas nada se compara
A endeusar o teu olhar.

Que a luz dos olhos teus
Possam me acompanhar
Aonde quer que eu vá.

Por Perto

Não sei definir como sorte ou azar
A graça surpresa ao se aproximar.
Diante dos corações,
pode ser um dos mais gélidos.
E realmente, não importa o quão difícil
Isso te faz.
O desafio é acender uma faísca
No meio do iceberg.
Pode estar em outro extremo,
numa aura inversa,
fase adversa,
qualquer animação é válida.
Mesmo o quão diferente de mim és
Torna-se mais gratificante que as parecidas.
Ao fundo, serei sempre um assaltante,
Sempre disposto a te roubar.
Assaltar o generoso sorriso que traz
Traficar piadas mal semeadas
Sequestrar o máximo que puder a companhia.
Bens me faz, mal não jaz.
Desejo o que infelizmente não tenho
O certo é te querer sempre...
Por perto.

Todavia

Entre as incertezas de um contato
Leve, casual e informal...
A vontade era fazê-lo acontecer.
Todavia, fui sucumbido pela timidez.
Arrependimento bateu,
corpo se enrijeceu.
Era o suposto fim da jornada,
todavia não pudera acabar assim.
Ser stalker fez parte,
diálogos e conversas a mais.
Desejado para aquela tarde,
todavia queria mais próximo de mim.
Você em Munique,
Minha mente em Londres.
Tudo parece tão longe mesmo perto.
Todavia a lua se encarrega pelo silêncio.
Palavras parecem sumir,
as letras parecem reduzir.
Talvez seja hora de me entregar ao sono...
Todavia impera a certeza de te encontrar num sonho.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Simples

Sorte a minha, seria, um sonho meu, em braços teus. Simples surgiu, roubando um sorriso há tempos escondido por falta de quem amar.
Já imaginou ter o sorriso do seu amor sem vê-lo ao vivo?
Ah, sensação, não se cansa de voltar. Esquecer é o que tento, difícil é apagar. Lembranças traiçoeiras, memórias inalcançáveis. Resultado é expressado num verbo de segunda conjugação: querer.
Já imaginou querer alguém sem nunca vê-lo?
Sentimento frustrante, paixão insinuante. Quisera eu qualquer sinal de prova existencial. Minhas preces parecem não ser ouvidas, todavia estão longe de acabar.
Já sofreu por amar alguém sem mesmo tocar-lhe?
Versos meus, sonhos meus. Raios manifestam a fúria no ar. Não sai por mim, a natureza está a expressar. No mar das mágoas, quem me dera ter asas para escapar. Mas ainda segue essa prosa, sem realidade que possar curar.