domingo, 29 de dezembro de 2013

Futuro passado

Eu não sei do meu futuro
Não sei o que aguardo
Talvez de tanta espera
Do futuro já cansei

Arte pura, arte pobre


não é um romance 
parisiense
nem um thriller 
novaiorquino
longe de ser uma rica prosa 
lusa
sequer dos sons frios de uma dança 
argentina
tão fácil 
quanto o alfabeto
tão certo 
quanto o verso direto
sem complicações do coreano
versátil como o fim de ano
não é loucura
não são compilações
só um embate 
contra mim
contra você
contra aquilo tudo
que me faz torcer
o pleno juízo
pura arte
a minha arte
pobre arte
desastre
nasce de novo
e aprendes a escrever.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Renata


Silêncio.
Milhares de ladrilhos na cor do gelo espionavam um desesperado escritor repleto de pensamentos impalpáveis. Sim, ela havia provocado de uma maneira imprópria, despertando palavras inabitáveis, até então. Sem mais prestígios diante de suas palavras frias.
Ranger de porta.
Teria que lutar contra minha própria vontade para observar quem adentrara na biblioteca de maneira ríspida. Sim, seria ela novamente, embora quisesse ignorar sua notável existência naquele recinto. Uma palavra de cumprimento e estava entregue.
Arrasto de cadeira.
Estávamos frente a frente, pela primeira vez, numa rara lembrança, e hesitei ao vê-la novamente. Era diferente de todas as pessoas que tinha visto ou conhecido. Isso lhe agradara [Talvez carecesse de uns agrados].
Aquela acolhedora biblioteca passaria a não existir com sua impactante presença. Uma agradável conversa e estaria encantado com o jeito nada convencional de convencer. Não pensou sobre o destino, nesta vez. Esse momento seria lembrado e repercutido ao longo dos anos. O que importa é o agora. O agora era ela.
Toque do sinal.
Suas palavras sincronizadas foram interrompidas com o abusivo sinal. Intervalo. Não do tempo ou da situação. Era uma pausa para refletirem sobre o que aconteceria depois. Uma certeza tivera... Essa pessoa iria te acompanhar até o fim dos seus dias.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Por Ana Moura


Você não quis mesmo deixar explícita a situação... Você desistiu. Tudo bem, eu também desistiria. Mas naquele dia, onde as mãos não se encontraram, eu também me perdia. Se não fosse por sua negação, eu não desistiria igualmente. Chegamos, então, ao momento de deixar tudo no ar. Nossos beijos viraram bolhas e o encontro das mãos, sementes de dente-de-leão. Voltamos ao pó, e deste voamos de volta à praia. Ainda lá, eu esperava te encontrar. Nem que você fosse uma pequena partícula a quilômetros de mim. Mas eu sei que no fundo somos assim, matéria retornando à sua matéria de origem. Nossos átomos e moléculas constituintes são os mesmos. Confundo-me com você. Acho-me e me perco.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Desdém


É desconhecido o seu interesse ao meu desejo de te fazer feliz. Por hora simpatizante, outrora tão relutante. Pôs tanto mistério assim. É de trato meu roubar um beijo teu e uma fortaleza desmoronar, sem um gesto seu. É desespero meu, na luta por noites não mais solitárias; por chuvas acompanhadas; por um sorriso compartilhado em uma poça de seriedade. Vai além de um gesto, concreto, sem ser tão belo assim. 
É só um amor que espero não ter um triste fim.