terça-feira, 30 de setembro de 2014

Guarda-chuva

Começo de primavera
Tons de inverno
Que importa a era?
De Salvador?
Tudo se espera...
Até uma chuva fria
Maldosa e maliciosa
Por hora formosa
Outrora vadia.
Santa agonia!
Tanta incerteza num ser
Que nem o sol faz aparecer.
Estava pronto para a partida
A chuva assombrava na Avenida
No ápice da escuridão
Você surgiu como um lampejo
Um guarda-chuva
Esse era meu maior desejo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Cinco da tarde

O sol vai descansando
E o seu cansou de esperar
Assim, entristeceu.
Sem estrelas para fitar
Somente nuvens carregadas
Dobradas, multiplicadas
Dispostas a trovejar.
A música reproduzia
Qualquer outra língua
Que não fosse a minha
Como se ainda reparasse no que ouvia.
O mundo empalideceu
A felicidade era uniforme
Menos para mim
Não nesta noite.
Nesta noite você não veio.

If I be wrong

Pregue o amor,
condene o amor.

Caro viajante, falo de um lugar não tão distante do seu tempo. Que alegria partilhar o meu tormento sem que eu possa ser julgado por um momento. Falo de uma terra sem amor, seja a si própria, seja qualquer outra escória. Onde o amor é tudo, menos amor. O amor daqui tornou-se obrigação; uma mera imposição de quem não tem nada a perder. O amor aqui virou um leve suspiro, por outro coração bandido, sem parar e se arrepender. O amor aqui vem de um ciúme infinito, que para defender seu finito, só falta matar ou morrer. O amor é tudo, ao mesmo tempo nada. Parece um objeto para fazer morada. Ele se vende, maltrata, enjoa, faz bocada. O amor chegou a todos, menos a mim.
Não esse amor.
Privilégio o vosso de outrora renomada, compor sonetos alexandrinos para a sua amada. Escrever para o mundo sem servir de chacota. Desejar o amor, sem fechar as portas. Mas hoje, somente hoje, desejo um amor vazio; como um cego e uma arma num espaço vazio. 
Será tão errado amar um outro alguém que provoca arrepios?
Será tão errado te querer contente mesmo sem dar um pio?
Será errado amar sem um desvi; se é certo ou é vadio?
Será errado não querer viver a dor de chorar um rio?
Se eu estiver errado, afoga-me no vazio, pois de nada vale a vida sem amor.
Sem o verdadeiro amor.

Give me love like her...

Com acesso às suas memórias
Desvendo o previsível
Seu amor não me pertence
Ela que te domina
Avante, impulsiva
Irresistível, quase bandida

Give me love like her...

Sigo seus passos
Soltando tiros numa esquina escura
Você pode deixá-la!
Me ame como se fossem
os últimos segundos de vida
Vida amarga e doente,
doente por amor e entrega,
entrega de várias correspondências
silenciadas, sem resposta...

Não faça disso um sacrifício
Deixe tudo para ser meu
- somente meu
Amor.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Rosa-Zé

28/06/2014
Vilas do Atlântico - Praça da Sé
Nunca estive tão próximo do amor quanto pensava. Porém ele resolveu existir em questão de centímetros. O amor não pertencia ao poeta e nem deveria. Todo o amor foi encontrado no banco da frente de um ônibus qualquer.
Ela vestia rosa como Rosa, alegrando quem tava na fossa, ou num plano qualquer. Carregava a maior alegria, de passar o dia, com o seu amor, o seu Zé. Quem é?
O ser mais simpático existente. O homem que não precisa de mais nada para estar contente. Sua felicidade tinha nome, corpo, forma e flor.
Juntos eram um encanto, nunca vi tamanho amor. Ele ditava o ritmo com sua viola. Ela deslumbrava com seu canto. Não há quem não compartilhou de tamanha felicidade.
E o que seria isso, se não amor? Um gesto para mim, um canto para ti, um violão e uma flor. Que chegue o dia em que não haja mais dor.
Espero pelo dia que só exista amor.