Café Frio

No silêncio da varanda,

aprecio o resto da amargura.

Cafeína destilada, 

café frio.

Um gole para um arrepio insignificante.

Pulsação acelera inalcançável aos olhos,

ao meu corpo nu.

Um gole neutralizador,

catalisador de emoções,

amargas sensações,

reduzidas por um sopro,

e uma folha a ser escrita.

Outro gole levemente doce,

seguido de um suspiro esperançoso.

O que resta é ser o escolhido,

você não pode negar quem é.

Chegadas as últimas gostas,

seu passado já se foi,

mas ainda resta um pouco do que se foi... ali.

Isso te representa.

Em condições naturais,

esse resto te apodrece,

tornando-se um veneno adiante.

E não será uma simples água a te salvar...

Hiato

Perdido e inseguro,
sem ter mais o que pensar,
eu te encontrei.
No menos inevitável dos encontros,
no mais destinável dos sonhos.
Vieste de um sonho confuso,
se mostrando único.
Por obra do destino ou não,
teve de desaparecer.
Por quê?
Te encontrar definitivamente?
Provar a existência do tal destino?
Demonstrar a felicidade incompreendida?
Esperar pelo tempo não é a melhor alternativa.
Entretanto se há de ser feito, assim seja.
Se for pra ser ruim, desencontre da minha esquina.
Se for pra ser bom, me dê sinal de vida,
para assegurar a esperança de te amar um dia.

Pouco Esforço

Poucos segundos,
Pouco esforço para me encantar.
Poucas palavras a definir,
Pouco esforço em relatar.
Pouco acaso te sentir,
Pouco esforço em evitar.
Poucos sentimentos,
Pouco esforço em não revidar.
Poucas estrelas, luz e nuvens,
Muita esperança em troco de nada.
Pouco esforço,
um pouco de amor,
um pouco de você.

Sonhos

Um rosto pálido, loiro e sem face
Apresentado num instante vago
Simples e imponente.
Se mostrou como 'meu amor',
E não soube mais distinguir sonho e realidade.
E você não sabe, sequer faz ideia.
Um misto de desejo, imaginação e loucura.
Aumentando a necessidade de ter em meus braços.
Dessa vez, sem deixar escapar.
É tempo de começar (a busca)...

Íntimo e Secreto

Íntimo e secreto,
está em meu pensamento.
Sem te comunicar,
Evitando te lembrar...
Hora me é um desafio,
outrora és um empecilho.
Uma utopia ou real fantasia,
incapaz de aparecer.
A continuação é incerta, indefinida.
Venha e me leve para perto,
Sentir sua respiração
ao alcance dos ouvidos.
Ouvir a sua voz
proclamar doces palavras em francês.
O seu sorriso unido ao meu.
Juntar os nossos corações,
a fim de sintonizar a mesma batida,
a nossa batida,
a capaz de amar.

Alergia

És o vício, desejo e alergia,

Impróprio a mim.

Por ser proibido me seduz,

Por ser venenoso me atrai.

Meu chocolate, assim te chamo

Pelas várias faces que me apresentas.

Podendo ser doce ou amargo,

talvez essa seja usa perfeita definição.

Tão diferente assim, só podia me conquistar.

Com face tão adorável

Seria perfeito contar com você

Assim vem minha alergia

Para tentar te esquecer.

Por que me faz tão mal?

Em um calafrio,

é revelada a resposta:

Quanto mais me faz mal,

mais te desejo,

te quero,

te amo.

Se tornou meu vício,

minha paixão.

De certo, é que não te largarei da mão.