segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sua janela

Se a sua janela
se abre às sete
Logo me anima
Para poder entrar
Embora de mim não precise
Pois o frio tratou de roubar.

Se a sua janela
se fecha às nove
Só resta em mim
a santa agonia
Hora que estou
furioso ao dia
Para tua paz
poder proporcionar

Se a sua janela
se abre às doze
Nesta hora não estou presente
Queria entrar e te fazer contente
Vindo de tão longe para te agradar

Se a sua janela
se fecha às quinze
não há o que processar
"era minha hora,
não acredito"
E outra vez
tive que adiar

Se a sua janela
se abre às dezessete
me volto à tua porta
enquanto outra brisa
te acalma
e além da porta
não passarei

Se a sua janela
se fecha às vinte
me encontro triste
de tamanho desencontro
totalmente fora do alcance
mais uma brecha
e seria feliz

Se a sua janela
se estreita às vinte e três
desperto da desistência
avante contra à concorrência
para assim poder entrar

Se a sua janela
se fechou à zero hora
não faça sacrifícios
não deixe outra janela aberta
somos só eu e você
por toda a noite.

Asleep

Não se preocupe
Eu cantarei para ti
Canto para o teu sono
Mesmo sendo um mero desencontro
Não tentarei te acordar
Cantarei a nossa música
Composta dos mais aleatórios sons
Harmonizadas para seu agrado
Eu canto
Para a sua alma
Para o seu coração
Se manter aquecido
Para o seu corpo
não correr perigo
Esse é o melhor momento
O nosso mundo
Invadindo a madrugada
Dando luz a uma sombra ex tática.

Deixe sua alma falar

Deixe sua alma falar
Mesmo que a vontade
seja puramente de xingar

Deixe sua alma falar
veja o que deve escutar
mesmo de ouvidos tapados

Deixe sua alma falar
Assim a solidão alivia
E a dor que outrora sentia
Restaurou o amor no lugar

Deixe sua alma falar
Ainda que as músicas entristeçam
Ainda que os erros permaneçam
Deixa o coração falar.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Será que te vejo?

Meu amor
Não demore a voltar
É manhã de domingo
Fico triste
se demoras a voltar
Não me abandone
Não me perde a hora
Pois a solidão
não vai embora
Tento tudo a toda hora
Passo a rua, corto a praça
A agonia aflora
Sem saber se te vejo
Meu amor
Não me demora
É noite de domingo
O corpo grita, a alma goza
Uma silhueta bate a porta
Te faço um único pedido
Me namora.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Saudades suas

As saudades vieram
De monte, deveras
Desde quando virou para trás
E não mais vi seu rosto
Nem o seu sorriso disfarçado
Nem o olhar curioso, de lado
Para se tornar um presente passado.
Então engoli meu olhar
Recolhi o falar
E passei a andar
Em direção oposta
Com um coração cada vez mais perto.

Amantes

Eu e você num quarto escuro
Longe de casa
Longe de tudo
Longe do mundo
Perto de mim
Colado no peito
Não existe mais nada
Só uma paixão inibida
Com caráter
Cheia de vida.
Se for da sua vontade
Não sai da minha vida
Não deixe de me abraçar
Não deixe de me beijar
Você é tudo o que preciso
Sem nem saber o que desejo.

domingo, 30 de novembro de 2014

Despedida Paulistana

A garoa podia até esfriar o tempo. Mas não o meu coração que estava inflamado. O tempo poderia estar fechado, porém saberia que o sol iria abrir para ver teu sorriso. O resto seria um mero detalhe. Sim, teria uma chuva de ansiedade, para mim, para ela. Sim, para ela, dela que estamos falando afinal. O motivo por me fazer comemorar uma parada involuntária em Guarulhos. Tudo pelo seu amor.
Encontrei o olhar mais alegre do ano e o seu doce sorriso aparelhado. Você já me perguntou onde as estrelas brilham para mim e não poderia te responder. Hoje, posso te dizer que elas se escondem no teu sorriso, único, elementar. Pode ser que os pássaros não tenham cantado para nós naquela tarde, entretanto o destino se encarregou de cantar a nossa música.
Milhares de pessoas poderiam estar ali em corpo. Em alma, só nós dois, em plena unidade. Dois corpos abraçados para transmitir o que havia de melhor em cada um dos dois: amor. Queria poder dar tanto amor com ela.
O silêncio era perfeito. Não por repreensão ou timidez. Era um silêncio único, de palavras que não precisavam ser ditas. Nós dois sabíamos de tudo. Desculpa, tempo, mas só queria continuar segurando-a em meus braços. Porém, ela sabia. Talvez eu devesse ir embora logo.
Então, separados de corpo, mas unidos em comunhão, a deixei aos poucos. Não estava triste. Não dessa vez. Era uma despedida breve, um até logo, pois o mesmo tempo que nos separou, nos traria de volta. Para dançar mais uma música; para um abraço mais demorado; para mais sorrisos e olhares de lado; para mais uma vida, sem despedidas ou prazo.

Pode reinar

Há muito tempo
Não há amor
Ou qualquer apreço
Um saco de lixo
pairando pelo aterro
Deixei de ser lamento
Para ser um quadro seu
Preenchido de amor
para ser carregado
pros braços teus
A falta existia
há falta de amor
há falta de amor
há falta de tudo
que tange à emoção.
Faltava alguém.
Saudades?
Só da infância
repleta de lembranças
que não me dispus a esquecer.
Amor?
Era só um vício
que achava conhecer
antes de ver você.
Carinho?
Solo frágil
esquecido e desidratado
que por ti foi regado.
Não me sai do pensamento
Como um ciclo,
a todo momento.
Você me faz tão bem
Livre, leve, solto
plumando pelo ar.
Você me faz feliz
Mais do que pretendi
Sem mesmo me tocar.
Você me faz vivo
És a razão
Eis o motivo
de fazer o sorriso retornar.
Pelo menos dessa vez,
a paz pode reinar.

Rígido

um lápis afinado
desalinhado às palavras
que surgiram ao sopro da alma.

a música circulava
numa batida triste
com uma dose de melancolia.

o vento soprava frio
causando um arrepio
que fingia não sentir.

um corpo deitado
e um ânimo viajante
como falsa companhia.

um inseto de conforto
agoniando o meu ser
foi o suficiente
para o corpo enrijecer.

Hoje resolvi escrever

Hoje resolvi escrever
os males apaziguar
coragem fugiu mais cedo
para a pele empalidecer
falta luz
falta amor
falta tu
menos a dor
falta tudo
mais um susto
falta você.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Versos soltos

Sentir-se estranho mesmo é estar em um lugar pelo qual você não pertence. Alguém entende?

o amor não é para você

O amor
Não nasceu para você
Não se abriu
Nem se esforçou
Foi suplicado
E só ignorado
Foi sonhado
E só imaginado.
Há qum acredite
em suas façanhas
Mas só me encontro preso
Em suas teias de aranha
O amor não é para você,
acredite.
Nem um mar de rosos
Pode te consolar
Nem uma promessa de mil beijos
Pode mais te enganar.
O amor não é para você
Resta então aceitar
Sentar e deixar de lutar
Fingir sorrir
E desabar às cegas.
Fingir sentir
Quando não há mais providências
O amor não é para você
E isso é tudo que deveria saber. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Calendário

Janeiro inovou
Fevereiro invadiu
Março capengou
Abril sucumbiu
Maio sorriu
Junho caiu
Julho soterrou
Agosto levantou
Setembro ridicularizou
Outubro simplificou
Novembro escapou
Dezembro despediu.
2014 voou.

Slow

O tempo parcialmente
nublado
Deu lugar
A um paraíso velado
Secretamente fechado
A doze chaves trancado
Repleto de animais
que nunca vi
Repleto de sopros
que nunca senti
Repleto de sonhos
que outrora sonhei
Repleto de fases
que não alcancei
E tudo se movia
tão calmamente
assim como as nuvens
dançam no céu
ou até como os pés
afundando na areia
ou quem sabe uma MPB
sem alguma estrela
Tal meu coração
Numa vasta tristeza.
E a solidão me invadiu
L e n t a m e n t e.

Ansiedade

(sem ordem, segue a desordem, com algum sentido embora não pareça)

Meu Deus as horas não passam os segundos atrasam e já me esqueci. Esqueci quem sou eu quem perdeu quem sumiu que apareceu. Ora tudo demora até chegar a hora de te ver outra vez. E só assim consigo respirar recuperar o ar perdido só de pensar em não te ter outra vez de te ter outra vez. Sim falta fôlego sentido falta tudo até amigo quizá amanhã eu tente outra vez. Ingrata mania de tudo acelerar quando no mais só precisaria acalmar e te esperar e te escutar e te tocar sem mais falar.

Versos soltos

Tentei lançar palavras ao te encarar mas todas elas foram perdidas com o teu beijo.
Nada mais para acrescentar. Só te encontra outra vez para não mais largar.

Como a Orla

Serena
Como o mar
de Itapuã
Você me alcançou.

Suprema
Como o Jardim
de Alah
Você me encalçou.

Furiosa
Como a brisa
da Pituba
Você me motiva.

Graciosa
Como o Rio
Vermelho
Você apaixonou.

Don't stop me now

Eu apaguei as dúvidas
Repreendi os medos
Abri mão dos acertos
Para acertar os erros

A felicidade é terrena
Por isso resolvi buscá-la
Então te peço
Não me pare agora

Ora, a vida é tão bela
Aqui dentro e lá fora
Adeus à tristeza de outrora
Não me pertence esta cela

A felicidade é palpável
Como o paraíso ao teu lado
Então te suplico
Não me pare agora
Pois essa ânsia de viver
Essa mesma ânsia de querer
                          e ser
Eu não quero perder
Por isso,
não me pare agora.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Meu Alguém

Em especial para Os Batutinhas.

Meu alguém fugiu de tarde
De táxi
Sem hora pra voltar.
Ou era à noite vazia
Sem lua, sem cantoria
E meu alguém resolveu passear.
Meu alguém se perdeu
Quem sabe em outras camas
Quem sabe em outras bocas
Por aí
Deixando de ser Meu
Alguém
Seu
Também
Pura inocência
Me fazendo sonhar
Ai-ah...
Meu Deus do céu
Meu alguém se perdeu
Foi jogar buraco
Quem sabe se escondeu
Perdido no Barbalho
Quem sabe nunca viu
Quem sabe cansou de ser meu
Se algum dia foi.
Meu alguém morreu
Deixou de ser alguém
De tanto fugir
De tanto esperar
Alguém virou ninguém.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Tempestade

longe de uma chuva de verão
a cidade foi coberta por um manto
um manto branco
escondendo o mar
escondendo qualquer coisa a encontrar
as aves seguiram ao oeste
eu migrei do sul sem sucesso
de que era esse manto?
de paz e bem,
amor e outrem?
quem sabe esse manto me cobre
essa chuva me inunda
essa tempestade me renova
e todo o mal causado
que seja mandado embora.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Perfume

como uma rosa
reservada
prezada num quarto sem luz
seu perfume estagnou

sem pedir licença
sem rejeição ou
qualquer desavença
seu perfume marcou

correndo pelo travesseiro
pelo corpo a florescer
essência incorporada
não dá para esquecer

o desejo só faz crescer
a cada poro arrepiado
a cada poro provocado
de novamente te ter

e assim como o pólen
ambiciado por um pássaro
espero para beber do teu perfume
para uns beijos e um amasso.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Página Nova

Você se foi
partiu sem avisar
e eu a esperar
ao menos um 'Oi'

É fácil me desesperar
depositei minha confiança
agora volta a bonança
para tentar me acalmar.

Me dói lembrar de cada coisa
conversas
risos
obras das lembranças

Me dói lembrar do seu tom
de voz irresistível
professando promessas
de um coração bandido

devolve minha alegria?
devolve a razão do meu viver?
não, Destino, não é fácil lidar
o amor das lembranças tentar matar
havendo vida e esperança

devolve a minha vida?
devolve o meu amor?
só assim não te peço nada mais
nem um rio, nem um trio

só desejo uma resposta
e uma página nova para escrever.

Alegrias

De todas as alegrias que um homem pode ter, a maior delas é poder te reencontrar. Sentir teu cheiro forte e marcante, acompanhado do seu sorriso de desdém. Desdenha-me porque sabe do seu poder, de tirar todo o meu controle, de estar aos teus pés a todo momento só para ter seu afago. Alegria a minha reencontrar esse olhar apertado, de atitude inigualável. Apenas com o objetivo de me colocar contra a parede, faz meu mundo estremecer. Tremendo amor que invade o meu ser, não se distancie, não faça com que eu te perca outra vez. Você é a maior das minhas alegrias.

Desculpas

desculpas
por este amor não correspondido
pelo olhar que tornei perdido
além do coração comprimido

desculpas
por sentir tão pouco
por não te amar como louco
além de te prender

desculpas
por não ser onipresente
por não te deixar contente
quase sempre

desculpas
por ser um eterno calo
pela mancha negra que te deixo
por não te permitir um sossego

você não me merece
tanta discórdia, mesmo simplória
tanto amor, eterno fingidor

você merece apenas o amor
sem doses homeopáticas
cem garrafas engradadas
para se embriagar
e não mais se machucar.

Centésima

Essa é a centésima
Dedicada aos pobres
(enamorados)
Dedicada aos poetas
(inconformados)

A todos os amores
(e desamores)
Que se mantiveram ao lado
E àqueles
Que descobriram o paraíso ao lado
de outro alguém
- não importa quem.

É a centésima
Sem prontidão à milésima
Enésima, talvez.

Sem quinhentismo;
Parnasianismo.
Romantismo, talvez.

Sem um sentido
Sem um rugido
É somente eu
e a madrugada outra vez.

(100 posts nesse ano \o/)

sábado, 4 de outubro de 2014

Fantasma

Oh, meu amor é
Um vazio, um escuro
Lampejo de luz
Brilhando sem ver
Com a expectativa
De a cada ponto te ter
Sentindo a esperança
De outra pessoa ser.
Como posso te amar sem te ver?
Por que não escutei o conselho?
Que o sinônimo de amar
É sofrer?
Me apaixonei por um fantasma
O qual nunca irei encontrar.

Febre

Meu corpo ferve
Assim como o ácido
Corrói o estômago

Meus pensamentos
Corroeram o meu cérebro
Canalizando o corpo todo

Haveria razão para tanto mal?
Haveria alguma paz para tal?

Pobre de mim
O meu corpo ferve
A alma empobrece
E o meu amor
Não canso de procurar.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Esquece, Liberte

Esqueça o que é certo
Esqueça o que é passado
Desejo meu és por esta noite
Sem nada para contrariar.

Liberte o seu corpo
Liberte a sua mente
Incorpore a fantasia
De ser o meu desejo.

Não existe um padrão
Desobedeça a direção
Adote a emoção
A razão não me pertence.

E assim, no escuro deste quarto,
não há divisão,
não há contramão.
Existem os nossos corpos
Numa profana comunhão.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sinfonia

Corpo de violão
Leveza de uma harpa
Temperamento de guitarra
Dramática num dó de piano
Sublime como um violino
Agitada como um pandeiro.
- ok, é exagero.
Qualquer seja a nota
Independe da hora
Você
É uma perfeita sinfonia.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cartadas


Suas pernas trêmulas
Não escondem o desejo
Um tapa na cara,
um breve sacolejo,
então estaria em meus braços,
totalmente desarmados.
O controle não existiria,
nem direção, nem calmaria.
Tudo o que procurava,
você encontraria,
de uma só vez.
Sem mais cartadas.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Guarda-chuva

Começo de primavera
Tons de inverno
Que importa a era?
De Salvador?
Tudo se espera...
Até uma chuva fria
Maldosa e maliciosa
Por hora formosa
Outrora vadia.
Santa agonia!
Tanta incerteza num ser
Que nem o sol faz aparecer.
Estava pronto para a partida
A chuva assombrava na Avenida
No ápice da escuridão
Você surgiu como um lampejo
Um guarda-chuva
Esse era meu maior desejo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Cinco da tarde

O sol vai descansando
E o seu cansou de esperar
Assim, entristeceu.
Sem estrelas para fitar
Somente nuvens carregadas
Dobradas, multiplicadas
Dispostas a trovejar.
A música reproduzia
Qualquer outra língua
Que não fosse a minha
Como se ainda reparasse no que ouvia.
O mundo empalideceu
A felicidade era uniforme
Menos para mim
Não nesta noite.
Nesta noite você não veio.

If I be wrong

Pregue o amor,
condene o amor.

Caro viajante, falo de um lugar não tão distante do seu tempo. Que alegria partilhar o meu tormento sem que eu possa ser julgado por um momento. Falo de uma terra sem amor, seja a si própria, seja qualquer outra escória. Onde o amor é tudo, menos amor. O amor daqui tornou-se obrigação; uma mera imposição de quem não tem nada a perder. O amor aqui virou um leve suspiro, por outro coração bandido, sem parar e se arrepender. O amor aqui vem de um ciúme infinito, que para defender seu finito, só falta matar ou morrer. O amor é tudo, ao mesmo tempo nada. Parece um objeto para fazer morada. Ele se vende, maltrata, enjoa, faz bocada. O amor chegou a todos, menos a mim.
Não esse amor.
Privilégio o vosso de outrora renomada, compor sonetos alexandrinos para a sua amada. Escrever para o mundo sem servir de chacota. Desejar o amor, sem fechar as portas. Mas hoje, somente hoje, desejo um amor vazio; como um cego e uma arma num espaço vazio. 
Será tão errado amar um outro alguém que provoca arrepios?
Será tão errado te querer contente mesmo sem dar um pio?
Será errado amar sem um desvi; se é certo ou é vadio?
Será errado não querer viver a dor de chorar um rio?
Se eu estiver errado, afoga-me no vazio, pois de nada vale a vida sem amor.
Sem o verdadeiro amor.

Give me love like her...

Com acesso às suas memórias
Desvendo o previsível
Seu amor não me pertence
Ela que te domina
Avante, impulsiva
Irresistível, quase bandida

Give me love like her...

Sigo seus passos
Soltando tiros numa esquina escura
Você pode deixá-la!
Me ame como se fossem
os últimos segundos de vida
Vida amarga e doente,
doente por amor e entrega,
entrega de várias correspondências
silenciadas, sem resposta...

Não faça disso um sacrifício
Deixe tudo para ser meu
- somente meu
Amor.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Rosa-Zé

28/06/2014
Vilas do Atlântico - Praça da Sé
Nunca estive tão próximo do amor quanto pensava. Porém ele resolveu existir em questão de centímetros. O amor não pertencia ao poeta e nem deveria. Todo o amor foi encontrado no banco da frente de um ônibus qualquer.
Ela vestia rosa como Rosa, alegrando quem tava na fossa, ou num plano qualquer. Carregava a maior alegria, de passar o dia, com o seu amor, o seu Zé. Quem é?
O ser mais simpático existente. O homem que não precisa de mais nada para estar contente. Sua felicidade tinha nome, corpo, forma e flor.
Juntos eram um encanto, nunca vi tamanho amor. Ele ditava o ritmo com sua viola. Ela deslumbrava com seu canto. Não há quem não compartilhou de tamanha felicidade.
E o que seria isso, se não amor? Um gesto para mim, um canto para ti, um violão e uma flor. Que chegue o dia em que não haja mais dor.
Espero pelo dia que só exista amor.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

"Se a vida fosse um sonho?"

"Se a vida fosse um sonho?"

Foram os segundos mais prolongados e arrastados que hesitei em ter. Porém foram mais do que suficientes para te trazer de volta à vida. Passando no ponto de ônibus, parada esteve, com um olhar perdido até ser encontrado pelo meu. Seu curto cabelo loiro seguia bagunçado como deixara da última vez. E seu olhar manhoso penetrara em minha mente para não mais esquecer. Foi pouco que se tornou muito. Foi o suficiente para te trazer à vida. Se a vida fosse um sonho? Quem sabe melhor seria. Quem sabe você existiria...

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Jardim de Alah

Trânsito parado
Movimento?
Só nos coqueiros agitados
E pensamentos atordoados.
Um olhar perdido
Parece me encontrar
No outro lado da janela.
E se eu fosse o que procura?
Desceria do ônibus para fazer companhia?
Tomaria água de coco
E diria ser minha fantasia?
Roubaria meu dia?
Por uma loucura que beira a heresia?
Daria um chega para lá nas vadias?
Requer coragem, requer amor.
Requer paciência para onde for.

"Até poderia continuar sentado...
Porém desci do ônibus, para correr atrás do meu amor..."

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Córrego

Tamanha escuridão
Existe vida ou não?
Existe lixo!
Há mais lixo que vida.
Como não pode ser sentida?
Existem rosas ou prosas?
Existem bostas!
As quais viraram o "perfume"
Desse mar sem prosa.
Sim, a prosa!
Essa foi dar uma volta
Enquanto o cheiro revolta.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Vamos?

Vamos?
Não temos nada
Não temos nada a perder
Temos a vida
Temos a vida a ganhar
Nós somos jovens
Por uma (longa) noite
Quer novas possibilidades?
Vamos colocar fogo no sol?
Me dê um segundo
Para te mostrar
Que tudo o que precisa
Se encontra numa pote
Uma pote de coragem
Te encontro no bar
Para tomar uma dose
E nos embriagar desse pote.
Sem amigos e desconfiança
Uma dose de coragem
and just stop
O mundo é nosso.
Depois te levo para casa
Para despertar desse sonho vivo.

domingo, 24 de agosto de 2014

No meio da noite

No meio da noite
O tempo voa para
Os amantes desesperados
Os gatos ensaiam
Uma nova canção despertadora
E seu coração
Andava mais cego
Ainda mais perdido
Na escuridão
Tudo parecia preto
Tudo parecia palpável.

Só não o amor,
esse parecia inalcançável.

Onde cantam os pássaros

O brilho do sol nascente
Despertou o canto dos pássaros
Os quais lançaram voo
Mesmo sem direção
Mesmo sem intenção.
Eles seguiam e diziam
"Siga a canção".

Onde cantam os pássaros
O céu por hora limpo
Outrora estrelado
Sem qualquer compromisso
Apenas a liberdade
Que não saia do vosso lado.

Onde cantam os pássaros
Não importa o passado
O presente é passado
O futuro aguardado
Com absoluta temperança.

Onde cantam os pássaros
Não existem homens
Desesperados pela destruição
Existem almas
Acompanhadas da solidão
Para as quais o mundo
Passa a ter uma razão.

O canto final dos pássaros
Não pôde ser alcançado
"Faltam as asas,
se não já teria voado!"
Insistiram para ficar do meu lado
Mas eles não me pertenciam.

Pertenciam ao mundo
Só eles conheciam
Só eles descobririam.
Ficou a promessa
De segui-los outro dia.
"Quem sabe acompanho vocês.
Quem sabe um dia..."

Pituba

Em qual esquina irei te encontrar?
Em qual rua meu destino acha o seu?
Percorri os estados e avenidas
Questionei às pessoas e suas vidas
Porém pareço procurar uma alma vazia.
Sem rastros ou pistas para seguir
Perdendo tudo num lugar sem dono.
Não, não era muita coisa
Apenas um amor que levou
Um pedaço de mim.
Chegou como um anjo
Anunciado em um sonho
Saiu como um fantasma
Roubando o que havia de melhor em mim.
Parece uma saga sem fim
Um noticiário sem novidades
Um jornal sem manchetes.
Era uma tarde de verão
O sol corria por toda nação.
Já o meu coração?
Seguia tão frio quanto o inverno.

Você é a luz

Você é a luz
Despertando ao acordar

Você é a luz
Que ilumina minha lua
A qual existe por tal equivalência

Você é a luz
Iluminando a estrada
Desembaçando a vista

Você é a luz
Que incendeia o meu quarto

Você é a luz
Que me diz
"Pare, Pense, Siga"

Você é a faísca
Que aparta a escuridão

Você é a luz
Você é a razão

Só não pode ser trocada
Só não pode ser queimada

Você é o caminho
Estarei logo atrás de você.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Aleatório

O sol nasceu para vê-lo novamente
O tempo se contrapôs ao destino
O qual quis ser mero amigo
Desse amor bandido

Voltamos ao início
De uma histórias sem apreço
Conta pelo começo?
E pergunto se te mereço?
Todas as perguntas são permitidas
Para quem sabe
Curar as feridas
De uma fase sem vida

O quebra-cabeças solucionado
Um coração curado
Podes enfim dizer-me o que é amor?
Podes enfim confirmar tamanho amor?
Podes dizer que me ama?

Esses somos nós
Apagando as memórias
Para começo das histórias
Novas glórias

O autor é o mesmo
A referência também
Dessa vez sem apelo
Sem desapego
Só com aquilo
Que me faz bem.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Carroça

Deixe seus esforços
Pois eles foram em vão
Acompanhados pela melodia
Suave e fria
A carroça os conduzia.
Para onde?
Eles não sabiam.
Eram apenas viajantes solitários
Querendo a vida
(Se a tiveram um dia)
Adeus às secas
Adeus às noites longínquas
Adeus às vidas vazias
Abraço à carroça pesada
Carregada de sonhos
Verdadeira morada
Não mais encontrada
Tampouco importava
A felicidade sim...
Essa foi encontrada.

Sol de outra estação

No sol ardente
Fora de estação
Seus olhos diamantes
Permitiram-lhe enxergar
Quanto maior a pressa
Mais distante o lugar
E seus olhos de amantes
Já não sabiam esperar
Esperavam pelo amor
Um amor para um dia sonhar
E não mais reclamar da vida
Por onde passar
Quem sabe quando o sol
Resolver relaxar

As palavras

As palavras
Prontas
Pareceram tronchas
Quando eram
Para figurar
Mesmo em tela branca
Tão amador quanto
Criança
Tão fria quanto
Lembrança
Escorregadia
Como água
Escoando pelos dedos
Não há poesia
Sem uma fantasia
Mesmo que seja
A mesma de outro dia
E para a agonia
Acabar
De palavras guardar
Quem sabe a paz
(estranha passageira)
Decide de uma vez
Não mais
Separar.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Procuro o amor

Procuro o amor
que eu mesmo escondi
Procuro o amor
que eu mesmo prometi
Procuro o amor
adormecido pela noite
Procuro o amor
preferido pela corte
Procuro o amor
pois não vivo sem amor
Procuro o amor
para aliviar a dor
(de ficar tão só)
Procuro o amor
monárquico
autoritário
o que for
Procuro o amor
sem nome
sem distância
sem medidas
Procuro o amor
num beco sem saída
Procuro o amor
seja puro
seja autor
seja tudo
seja amor.

PS: Eu te amo

Bom dia
Seu café tá pronto
A roupa passada
A comida embalada
A mochila preparada
O bolo na mesa
Deixei uma cereja
Acorde, meu bem
Acordes na mesa
E uma música na cabeça.
Limpa a pia?
Ajeita o banheiro?
Não há tempo para tudo
Nem mesmo para o teu beijo.
Não queria ter acordar cedo
Porém tão cedo lhe incomodo
E você exigirá meus modos...
Te vejo logo.

PS: Eu te amo.

Todas as frases de amor

Todas as frases de amor foram escondidas
Por toda a coragem não revelada
Por toda a carência acumulada
Por toda a premissa de dar errado

Todas as frases de amor foram escritas
Por todos os poetas apaixonados
Por todos os poetas idolatrados
Por todos os poetas abalados

Todas as frases de amor foram esquecidas
Pois todas viraram frases de despedida
Pois todas foram ocultadas e reprimidas
Pois todas foram copiadas e resumidas

Todas as frases de amor foram perdidas
Pois não foram mais sentidas
Pois não foram mais cumpridas
Pois foram causadoras de feridas

Todas as farsas de amor estão exprimidas
Por todas as faces vazias
Por todas as vias escorregadias
Por todas as promessas vadias

Restou-me então escrever
Um poema sem "você"
Pois todas as frases de amor
Possuem um endereço
Não acompanham adereços
Provocam todos os desejos
E sonho ter "você" um dia
Para lhe destinar
Todas as frases de amor não ditas.

Silêncio

Todos os amores silenciaram
Todos os amantes adormeceram
                            (sem culpa)
Todos os filhos esqueceram
                        (das peripécias)
E restou a noite, nua.
Todas as estrelas escondidas
Todas as palavras reprimidas
Não há cor que se exalte
Não há flor que perfume salte
É só a noite
Pedindo para ser notada
E de modo inefável
Mantendo a vida calada.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O amor é uma merda

O amor é uma merda
O amor é tolo
O amor é um poço (fundo)
O amor só anda de despedida
O amor é escroto
O amor manipula tudo
Faz girar o mundo
O amor é uma desgraça
É um esgoto no meio da praça
Consegue ser tudo
Ao mesmo tempo nada
O amor é sujo
O amor é impuro
Mas não vivo sem
Amor.

Lasanha

Apaguei todas as lembranças
Desvencilhei todos os segredos
Renuncie todas as esperanças
Superei todos os medos

Com minhas forças
Nem o 1º passo daria
Nem a 2ª palavra proferia
Nem o 3º caso pensaria.

Você é ouro que reluz
(com traços rosas e contentes)
O mundo gira ao seu entorno
E quem não liga, parece tolo

Você me pegou
Sem a isca, só o anzol
Linda, me ilumina mais que o sol

És tu lasanha
Minha droga preferida
Não importam as gorduras
Tampouco as proteínas

É amor de infância
É amor de instância
É meu primeiro amor

Um oceano para me afogar
Sem sentir dor
É simplesmente amor.

Gramado

Arrumei as malas
Mandei-me para Gramado
Provido de consciência
A qual perdi
Ao subir o Corcovado
O tempo gelado
E uma mala ao lado
Acharia trabalho
Ficaria com tempo vago
Quem sabe em prol da ciência
Ou na busca da sanidade
Quizá da santidade
A vida é muito curta
Para ser obrigado a aturar o caos
A vida é muito dura
Para pés dormentes
Quem sabe alivie
Com chocolate quente
Com sete graus
Um siamês do lado
Numa casa em Gramado.

Ficção

A paciência restringe-se
Enquanto a dúvida persiste.

O arranjo não decifrará
O amor capaz de me derrubar
(tampouco o significado de parará...)

A letra não acompanhará
Os acordes sem destinação
Sentado com o violão

A pergunta persistirá
Pura verdade?
Pura ficção?
Dura a verdade?
Maltrata a ilusão?
Maldita a paixão!
Pior ainda o coração
Que se deixa levar
Pelas doces palavras
Pelos delicados olhares
E fazer disso
Uma inefável questão.

Rua da Paciência

Rio Vermelho
Sinal vermelho
Para os não apaixonados
Para os ônibus parados
A música embala
A mente repara
O corpo se contorce
Cada olhar despreocupado
É fonte de pesquisa
Para reconhecer
Onde se esconde o amor
Que ainda não pude conhecer
O fim do percurso se aproxima
Sem restrição
Enquanto mais longe fico
Mais ainda o coração na mão
A nenhum lugar me leva
A tal falada emoção
Hora de apelar para a razão?

Subindo a Serra

O frio para cerrar os dentes
Uma van para a Serra
E a espera de pessoas contentes
O sol se esconde
Atrás da cortina de nuvens
Uma peneira
Para o calor passar
As vivências se estenderam
E quem diria que uma feira
A Gramado fosse me levar?

Ansiedade

24 horas
É tempo de muito
É tempo de nada
É tempo pro mundo
Pra mim não é nada
É a ânsia
Carregada nas costas
Pesando mais que um elefante
É a ânsia
Capaz de fazer
Girar o mundo
É a ânsia 
Por onde jaz
Alguns minutos 
para o fim do turno
24 horas
Gira todo mundo
Gira eu, gira surdo
Só não gira o medo
Com o medo
Perde o mundo.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Espectro no Rio

O Costa Verde
Me leva ao Rio Vermelho
Uso um casaco lilás
Para a transparente chuva
Jogando contraste no céu
A água translúcida
Outrora verde azulada
É contemplada por soteropolitanos
Baianos e fulanos
De todas as cores
Um branco aqui, um negro ali
Sentados em mesas e cadeiras laranjas
E com sorrisos amarelos
O espectro se forma
Como num ramal das fitas do Senhor do Bonfim
Por fim as aves se lançam
Meus olhos se encantam
O amor por essa cidade não tem fim.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Poesia de rua

A rua cheia de agonia
Transpira poesia
Para vos relatar
Não é só coisa de um dia
Nem de tanta sabedoria
Para poder apreciar
Basta dois olhos atentos
Que sejam sinceros
E se ponham a observar
Vai notar que na Bahia
A cada passo
Se esconde uma poesia
A cada lugar
Se versifica uma linha
A cada história
Se esconde numa entrelinha
Não é loucura minha
É um desafio
Mais fundo que um rio
Para sua cidade poder amar
E onde menos esperar...
Poesia encontrar.

Rua da Poesia

A rua
Deixou de ser minha
Deixou de ser sua
Despiu-se do mundo
Para vestir poesia
Que outrora se escondia
Para os raros trovejos
Percejos e lampejos
Que só mestres dariam
A arte se faz de corpo presente
Onde há vida, há poesia
Onde a casa não é minha
A rua se fez moradia
Toda rua quero abraçar
Descobrir suas tatuagens
A roupa de cada dia
Não existe rua feia
Existe rua sem poesia
Se existe poesia
A alma enche de alegria
E o sol se encarrega de anunciar
O Bom Dia.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Amaralina


Nada de amarelo
Nem tanta linha
Só sobe ou desce
Reta curva
Oscilante como coluna
Só passa chuva
E ao final esquecem
Por que Amaralina?
Quem sabe uma índia linda
Quem sabe irmã da Arquelina
Quem sabe ela rodou o mundo
Quem sabe não era nada
Quem sabe alguém
Só querendo desfrutar a vida.

Segundos para a eternidade

Falta-te o tempo
Acabou a hora
Quisera questionara
o tormento
E o porquê
de ir embora
Na verdade
nada é certo
o tempo é concreto
que num tocar indiscreto
põe tudo a perder
Meu amor é certo
Posso dizer
sem me arrepender
Basta um minuto
Pensando em seus gestos
Compondo infestos versos
Posso te responder
Um segundo esperto
de um sorriso belo
Já faz tudo a pena valer.
(E torça para um amor
Que só precisa de cinco gestos
Os brilhos sinceros
para tornar aquele momento
eterno).

domingo, 1 de junho de 2014

Manoel Dias

Passa carro
Passa bike
Passa busu
Passa ela
Guardo vela
(ela não me pertence)
Esqueço ela.
Passa a luz numa praça
Me benzi para a Igreja
Passa o momento de graça
Passa outra ela
Sem passarela
Apenas ela
E a avenida inteira a notar
O quão belo
Era o seu caminhar
Passou a outra ela
Sem deixar qualquer sinal
Passa o sinal
Passa a pressa
Passa o poeta
Não passa o tempo
Nem o tal engarrafamento.

Sono de ônibus

Itapuã
A maresia da orla
Anunciara a volta
Que o ônibus inteiro fará.
Passa sereia, passa escola
Passa o mundo lá fora
Passa fantasia pela volta
Tentando absorver o ar que não sufoca
(Queda)
Piatã
A água cintila aos meus olhos
Seria sonho, ilusão ou realidade?
A claridade me cega
O destino me espera
E sigo sem agonia.
(Queda)
Jardim de Alah
Tudo havia parado
Como de praxe
O trânsito engarrafado
O ônibus lotado
O calor inteiro ao meu lado
Nada se passara, nada de euforia
Tudo havia parado
Quem sabe chego no outro dia.
(Queda)
Manoel Dias
O ar era fresco
O carro andaria
Fiz da cadeira
Pura estadia
O mundo havia passado
Aos meus olhos
Enquanto triste dormia
O destino próximo estaria.
(Queda)
Ondina
Pela Orla inteira viajaria
Mas por azar esqueceria
O destino era o Rio Vermelho
E só rio azul enxergaria
"Motô, deixa eu descer"
"Calma, aqui não dá pra parar"
"Motô, do meu destino eu passei"
"Cobrador, olha quem estava a roncar"
"Motô, para de zoar"
"Meu filho, essa não poderia deixar passar."

O muro e o mundo

O muro se armou
O mundo se lavou
O muro se limpou
O mundo se enxaguou
O muro criava fronteiras
O mundo não tinha fronteiras
O muro aumentou
O mundo muro virou
Ao mostrar o que é amor
A chuva denuncia
O céu escurecia
num só tom de cinza
O amor se entregaria
E ambos se amariam
Virando um só muro
cinza
E o mundo fingia que não via.
Sorte a minha.

O voo da garça

O voo da garça
Com sua graça
Acompanha meu caminho
Nostálgico caminho

O voo da graça
Seguiu silencioso
Carregando lembranças
Que nem cabem num polvo
Imagina o pouso?

O voo da garça
Foi alçado sem documento
Foi visto contra o vento
Sendo lembrado por todos
Mesmo sem lenço

O voo da graça
Atravessou toda Orla
Mesmo sem escola
Para paz causar

O voo da graça
Não mais foi visto
O ônibus passou
A garça parou
A graça pairou.

Feeling

Um toque
desperta fraqueza
Longe de toda
a suposta realeza.
Um feeling se manifesta
num tom
com suposta certeza
É como flertar
com o destino
Andar sem objetivo
Pulsar sem alívio
Procurando em casa passo
sorrir
Para afastar os tormentos
Os medos e desejos
de uma pessoa ruim
É como ouvir a voz de Deus
Cuidado de mim.

18

Enfim, dezoito.
18 pedidos feitos
18 pares de meias
18 álbuns completos
18 álbuns a completar
18 músicas para recordar
(e quem sabe definir)
a confusa vida de ser
um eterno adolescente
18 livros na estante
18 livros escritos na mente
18 fotos em um instante
18 amigos distantes dos
18 verbos que não usei
18 versos incompletos
18 credos prezados
18 jeitos de agradecer
18 linhas de vida de próspera à boa.

(self poem)

(I)maturidade

Às vésperas da maturidade
Sigo imaturo
Por hora vazio
Outrora noturno
Com um coração palpitante
Sem uma batida contagiante
Uma música não é capaz de escrever
Um poema não reproduz o sentimento
Uma dança não causará qualquer aumento
Somente a chuva
Que não me ignora
Segue com o vento
Janela afora
Sem endereço certo
Com ouvido à porta
Sem aviso para chegar
Sem alarde para sair
A chuva contempla a vida
A qual hesitei
Em nunca ter...

01 volta

Por uma paz de espírito,
Salvador resolvi andar.
Destino certo
Caminho limpo
Uma volta para ver o mar...
A saga começa
Com um ônibus na lista de espera.
A pesar, o começo da Paralela,
da cidade que passa por ela,
tal como uma passarela.
Em um tom cinzento,
sem tanta melancolia,
o ônibus pela Orla desvia.
Com expressão determinante,
onde os anjos surfariam...
Sem pressa pra passar
Sem nem precisar se arrumar.
Basta um olhar direcionado
E a alma sente a nostalgia
De querer ir à praia
Todos os dias.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Segundo encontro

O céu em degradê
Com tons cinzentos
Se apresenta diferente
Do irregular cotidiano.
Dessa vez
Não há distância
Não há tumulto
Só uma calma companhia
Complementada pela chuva pesada.
Faltam palavras quentes
Para aliviar o tempo.
Faltam palavras precisas
Para acabar o tormento.
Faltam suas palavras
E um coração
Feito para um reino pleno.
As coisas mudaram
As circunstâncias acompanham
Mas os desejos...
Esses seguem os mesmos.
(se não maiores)

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Atitudes

De primeira
me apaixonei
Na segunda
te deixei escapar
Na terceira
te vi na feira
Numa quarta
só fiz te beijar
Depois na quinta
fui te amar
Para numa sexta
você se deixar levar
Sendo numa sétima
um casório simples
Para em um infinito
não ter desculpas
nem falta de atitudes
para te encontrar.

Por um momento


Por um momento
t u d o  p  a  r  o  u
(alguém tem que ceder)

Um mar escuro reinou
Passou algum tempo
Até notar que só havia você.

Sorrindo os seus claros olhos
Mimando mesmo sem gestos
Uma voz soando versos
Dizendo "amor, não se disperse".

(mais uma pessoa)
feliz
com olhos resplandecentes
iluminados pela grata felicidade.
Não parecia provável
Mas era eu.

Conversamos sobre o tempo
De coisas não feitas
de atitudes imprevistas
da necessidade de ter um-ao-outro.
Sem saber
Mesmo sem olhar
tocar
cheirar
sentir
Por um momento
Era eu e você
E o mundo à nossa mercê

Só um momento
Poderia ser eterno.
Para isso
Alguém tem que ceder.
Que seja eu
Arriscando pela felicidade.

Uma leve poesia

Uma leve poesia
Com gestos de amantes
Sem ver seus olhos
Uma luz que não cega
Um bocejo que não nega
Meu olhar não me deixa mentir
Enquanto espero
minha alma tocar a sua
Mesmo proibido
Mesmo inalcançável
Nada de um romance certo
Apenas mais um
Na eterna lista dos pecados
Seria pecado mesmo te querer?
Te querer sem mesmo ver
conhecer
ao menos te ter?
Não cabe a mim saber
Resta padecer
Não há nada que eu possa fazer
No que diz respeito a te amar.
Guardado seja o desejo
Torço para ser o seu
Um dia.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Tua falta, teu sorriso

as crianças correm no escuro
ao sopro de um vento calmo
em meio à fúria de vossos corações
apenas me sento
e fico calado
e observo
escrevo versos
de uma noite que não pode acabar
de uma paz que precisa continuar
assim como cada luar
três luzes no centro
as estrelas brilham muito mais
assim como cada sorriso
embora falte o teu sorriso
que não me canso de ganhar

terça-feira, 25 de março de 2014

Estranha paz

estranha paz
deveria ficar
não me peça convites
por aqui
podes reinar
pode ser sem motivo
só te peço para continuar
e para nunca mais
me abandonar
corre paz

Melhor dos meus vícios

desta vez
não há desculpas
há só uma voz
livre no peito
com um desejo
de eu-lírico
tornar a sua ficção
numa desconhecida
personificação
sem projetos em mente
apenas lápis, papel
e o barulho do ônibus
não necessita persuasão
você é o melhor dos meus vícios