sexta-feira, 18 de julho de 2014

Aleatório

O sol nasceu para vê-lo novamente
O tempo se contrapôs ao destino
O qual quis ser mero amigo
Desse amor bandido

Voltamos ao início
De uma histórias sem apreço
Conta pelo começo?
E pergunto se te mereço?
Todas as perguntas são permitidas
Para quem sabe
Curar as feridas
De uma fase sem vida

O quebra-cabeças solucionado
Um coração curado
Podes enfim dizer-me o que é amor?
Podes enfim confirmar tamanho amor?
Podes dizer que me ama?

Esses somos nós
Apagando as memórias
Para começo das histórias
Novas glórias

O autor é o mesmo
A referência também
Dessa vez sem apelo
Sem desapego
Só com aquilo
Que me faz bem.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Carroça

Deixe seus esforços
Pois eles foram em vão
Acompanhados pela melodia
Suave e fria
A carroça os conduzia.
Para onde?
Eles não sabiam.
Eram apenas viajantes solitários
Querendo a vida
(Se a tiveram um dia)
Adeus às secas
Adeus às noites longínquas
Adeus às vidas vazias
Abraço à carroça pesada
Carregada de sonhos
Verdadeira morada
Não mais encontrada
Tampouco importava
A felicidade sim...
Essa foi encontrada.

Sol de outra estação

No sol ardente
Fora de estação
Seus olhos diamantes
Permitiram-lhe enxergar
Quanto maior a pressa
Mais distante o lugar
E seus olhos de amantes
Já não sabiam esperar
Esperavam pelo amor
Um amor para um dia sonhar
E não mais reclamar da vida
Por onde passar
Quem sabe quando o sol
Resolver relaxar

As palavras

As palavras
Prontas
Pareceram tronchas
Quando eram
Para figurar
Mesmo em tela branca
Tão amador quanto
Criança
Tão fria quanto
Lembrança
Escorregadia
Como água
Escoando pelos dedos
Não há poesia
Sem uma fantasia
Mesmo que seja
A mesma de outro dia
E para a agonia
Acabar
De palavras guardar
Quem sabe a paz
(estranha passageira)
Decide de uma vez
Não mais
Separar.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Procuro o amor

Procuro o amor
que eu mesmo escondi
Procuro o amor
que eu mesmo prometi
Procuro o amor
adormecido pela noite
Procuro o amor
preferido pela corte
Procuro o amor
pois não vivo sem amor
Procuro o amor
para aliviar a dor
(de ficar tão só)
Procuro o amor
monárquico
autoritário
o que for
Procuro o amor
sem nome
sem distância
sem medidas
Procuro o amor
num beco sem saída
Procuro o amor
seja puro
seja autor
seja tudo
seja amor.

PS: Eu te amo

Bom dia
Seu café tá pronto
A roupa passada
A comida embalada
A mochila preparada
O bolo na mesa
Deixei uma cereja
Acorde, meu bem
Acordes na mesa
E uma música na cabeça.
Limpa a pia?
Ajeita o banheiro?
Não há tempo para tudo
Nem mesmo para o teu beijo.
Não queria ter acordar cedo
Porém tão cedo lhe incomodo
E você exigirá meus modos...
Te vejo logo.

PS: Eu te amo.

Todas as frases de amor

Todas as frases de amor foram escondidas
Por toda a coragem não revelada
Por toda a carência acumulada
Por toda a premissa de dar errado

Todas as frases de amor foram escritas
Por todos os poetas apaixonados
Por todos os poetas idolatrados
Por todos os poetas abalados

Todas as frases de amor foram esquecidas
Pois todas viraram frases de despedida
Pois todas foram ocultadas e reprimidas
Pois todas foram copiadas e resumidas

Todas as frases de amor foram perdidas
Pois não foram mais sentidas
Pois não foram mais cumpridas
Pois foram causadoras de feridas

Todas as farsas de amor estão exprimidas
Por todas as faces vazias
Por todas as vias escorregadias
Por todas as promessas vadias

Restou-me então escrever
Um poema sem "você"
Pois todas as frases de amor
Possuem um endereço
Não acompanham adereços
Provocam todos os desejos
E sonho ter "você" um dia
Para lhe destinar
Todas as frases de amor não ditas.

Silêncio

Todos os amores silenciaram
Todos os amantes adormeceram
                            (sem culpa)
Todos os filhos esqueceram
                        (das peripécias)
E restou a noite, nua.
Todas as estrelas escondidas
Todas as palavras reprimidas
Não há cor que se exalte
Não há flor que perfume salte
É só a noite
Pedindo para ser notada
E de modo inefável
Mantendo a vida calada.