quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Então era isso...

Então era isso... Um vazio não permitia que ela fosse além do esperado. Dias que começavam e terminavam sem pretensão, meses que passavam em números assim como as horas repetidas sem influência: rotina, rotina, rotina e rotina.
Era irônico como essa melancolia companheira - que tanto reclamava - a confortava, afinal jamais tivera coragem para enfrentar os seus medos e viver num novo mundo. 
Tudo igual e isso agradava.
Eu e mais ninguém.
Ela via seus amigos se derreterem por uma coisa sublime, ilusória e magnífica, chamada de amor. Isso a fazia rir. Como o tal amor poderia acabar com todos eles sem aviso prévio? Como a procura de todas as nações, em todas as línguas, religiões, ideologias e tipos de pessoas, poderia destruir tanto a alma? Não, isso que via não era amor. Fosse o que fosse, ela sentia dentro de si uma vontade agonizante que essa coisa lhe tomasse o coração, a mente, a vida! Assim teria pelo que lutar e quem lutar, pelo que e quem acreditar, mas principalmente em que e quem sentir alguma coisa.
Quando pensava nisso começa a olhar o próprio reflexo. "Eu devo ter algum defeito." Dizia repetidas vezes como se fosse a solução de uma pergunta sem resposta. Um defeito. O que havia de errado com ela? Não aprendera a admirar pessoas? Pelo menos sem sexo não nascera, disso tinha certeza... Não é?Não passara por nenhum trauma, não sentia-se emocionalmente bloqueada, não acreditava que a coisa fosse uma invenção do capitalismo para vender mais e não imaginava que teria dificuldade para dizer "Eu te amo". Que não fosse para o seu gato, é bom dizer... O que acontecia é que não havia lhe acontecido. E pela falta da falta, não fazia falta simplesmente. Entretanto, de acordo com as leis naturais do universo, o sentido regente do mundo, o que se empurra goela abaixo é dito: a coisa, o amor, muda tudo. Então era isso... Lhe era obrigado a insistência disso.

- Tai Paes

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