quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Preces ao vento

tic tac
tic tac
tic tac
tic tac

O relógio pulsava
(massacrante)
e o vento uivava
(a todo instante)
para ser notado
como um lobo livre na madrugada.

dizia o vento estar cansado
de andar tão parado
como no verão passado

e então
invadiu o meu quarto
farejou, me encarou
e encontrou solidão
sobretudo abraçada
sem ser arrancada
presa sobre as minhas mãos
amor de outra estação

como amado fiel
o vento avançou
as mãos desejadas tocou
e nada adiantou

como amado carente
desceu rapidamente
arrepiando os meus poros
encontrando os meus olhos

já não podia hesitar
nem poderia mesmo falar
estava tudo ali
a liberdade dependia de si
a liberdade me pertencia
assim como aquele amor,
eu sabia.

ainda tão humano
ainda tão fraco
no vento encontrei a minha verdade
as chaves me pertenciam
e dali, só eu poderia me soltar

todavia, o vento já andava de saída
e ele não poderia demorar
restou, então, me levantar
e poder acompanhar
sob o canto das minhas preces

me leva ao teu céu
me leva ao teu sol
me leva além das vistas
me leva às tuas estrelas preferidas

me leve tão leve
me leve sem compromisso
me leve entregue
me leve e me ame.

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